terça-feira, 30 de dezembro de 2008

PACTE AVEC LA BELLE VIE


PACTE AVEC LA BELLE VIE


Mais
um ano
se finda
e para aonde irão os faróis
que iluminaram nossos caminhos,
quando mudarmos de estrada?
Aonde se esconderão as pessoas
que um dia fizeram parte do nosso cenário
e por trocarmos de cena elas saíram do palco?
Onde estarão nossos amores que se hospedaram em nosso coração no ano que passou? Como reencontrar os sonhos acalentados e que não conseguimos realizá-los?
Como recuperar a oportunidade que passou à nossa frente e não a reconhecemos? Quais os planos que havíamos determinado e não conseguimos realizá-los? Em qual parte do percurso eles se perderam de nós ou fomos nós que nos perdemos deles?
Por onde andarão essas lembranças, vão povoar apenas o passado?
Naturalmente que os descaminhos nos desviaram do instante para nos embrenharmos na busca do que muitas vezes nem sabíamos identificar, por isso...
Crave seus sonhos
Na pedra, no chão
No papel, no cérebro
Aposte no tempo
No vento
No sol, na chuva
Desafie a memória
Drible o esquecimento
E tente mudanças de rota,
Escolha caminhos, atalhos, e rios
Pise mais forte, ou
Crie asas, e voe
Contorne...
Enfrente...
Mas não perca o ponto que certamente
Estará sendo seu norte ou sul
O Novo Ano virá
Que seja bem-vindo!
Sele com ele o seu compromisso com a vida
A melhor vida que você
queira ter.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

ELA E A NAMORADA

E sem parafrasear Carlinhos Brown ao menos no tempo verbal, elas estavam no passado, numa casa com quintal e jardim, colhiam flores e frutos, e semeavam os dois. Tudo era paraiso , nele elas voavam, caminhavam, plantavam , colhiam, sonhavam , e viviam...
Viviam, toda intensidade que só os apaixonados reconhecem, e aproveitam. Sabiam a pressa que o tempo instiga aos que usam relógio e não paravam de contar os dias e as horas. Mesmo que nadassem no seco, flutuavam em nuvens com os pés no chão.
Se enfeitavam de promessas mútuas, o nunca que era advérbio para expressar o perpétuo, passava a ser verbo ( ser, estar, ficar, permanecer,) fantasiado do jamais, pois etimologicamente um advérbio raramente modifica um substantivo. E por saber que ele ( o advérbio) pertence a classe gramatical onde a palavra indica as circunstâncias em que ocorre a ação verbal, elas maestralmente flexionavam o nunca , simbioticamente agregado ao acaso que só a certeza tem para a verdade do agora. Acreditavam que o NUNCA era a pedra fortalecida pela paixão e adornada pelo amor.Teciam a rede da existência amorosa como aranhas, para aprisionar o sentimento, envolvê-lo de tal forma que as loucuras eram apenas a lucidez do desejo, não tão somente carnal, porque extrapolavam o corpo, o espírito , a alma e a maledicência dos que não sabiam respeitar os diferentes.Mesmo envoltas em sonhos, viajavam também de verdade, com malas, cuias e passaporte. Iam a todos os recantos aonde os dólares, euros e reais as conduziam, a bússola orientada pelos sonhos, as levava às praias, aos oceanos, aos montes e planícies. Quando as circunstâncias as separavam por motivo de dor ou trabalho, pactuavam os caprichos, nada seria mais importante que reconhecer que não eram pedaços, mesmo estando espacialmente separadas, eram completude pois não necessitavam parecer fragmentos para se completarem. Eram inteiras, tão compactas em si próprias, que quando o amor acabou, a separação as deixou intactas , para que um dia, alguém pudesse ver que não estaria recolhendo pedaços, e sim uma pessoa que preferiu sorrir e chorar sozinha, por reconhecer que aquele amor encontrou uma porta para sair, pois havia perdido a chave da permanência.
É assim que os amores se vão! Sem pecado, sem culpa e sem remorso. Estão SEM à procura do COM, mesmo que tenham que acrescentar um " ponto" e um "br" para novamente sentirem-se donos, proprietários, ou inquilinos da FELICIDADE.


Imagem e texto de Lígia Beuttenmüller


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