sábado, 26 de novembro de 2011

CORAÇÃO É ABRIGO, AMOR É TETO





Amar é bom, ser amado, melhor ainda, mas nunca aprendemos muito com esse sentimento. Nem quando ele nos deixa conseguimos esquece-lo. Quando ele decide ir embora, permanecemos insistindo mais tempo do que o necessário, alimentando-o com migalhas de esperança, e a vida vai passando num tempo que não volta mais. Teimamos em não deixar o coração vazio, nos confundimos com a sombra estampada pelo amor que ao sair nem sempre dá adeus.
É preciso deixar de ter saudades do corpo que antes ocupava a cama e coração. 
É importante trazer o sol para as manhãs solitárias, dar às noites um sono com sonhos , sem pesos nem dores, acabar o pesadelo antes que ele nos arraste para a ansiedade das estações estanques. Acreditar que no inverno há dias com sol, que é verão porque as flores cobrem os jardins, mesmo que a primavera ainda esteja longe.
Quanto ao amor, é muito mais do que nos ensinaram, ele  vai, e se esvai, se a gente deixa-lo escoar. Com o tempo ele volta, com outra forma, sem data marcada, vestido de outros desejos e incorporado a outros anseios e (in) certezas gestuais ou factuais.
Lançe ao mar mensagens que naveguem em garrafas no oceano, espere que alguém as leia e responda com o aviso de quem chega para ficar, pois o abrigo está vazio, com a porta fechada, mas certamente, não trancada.

IMAGEM E TEXTO
Lígia Beuttenmüller


























ÁGUA MOLHADA



A angustia desafia o tudo e se agrega ao nada , as  coisas palpáveis se dividem em alma, e espírito, então  o sossego perde a paz, mas pede calma. Busca a coragem e encontra o medo, se esconde na  divisão binária entre o começo e o fim. Os motivos se agigantam, confundem os sentimentos, que sem sentido vão a qualquer lugar, porque os planos tornaram-se montanhas e picos, impossíveis de serem traçados em mapas ou destinos. Os sonhos, viraram argolas e anéis que se prendem na suavidade do teu riso que é luz, ilumina a mais sombria das noites. Agora a saudade chega mas logo se despede e se despe na ausência. Então a solidão frágil acompanha a vida e a alma separada em dois corpos sobe o Tibet. Escolheu o caminho e não olha para trás.

Imagem e texto:
Lígia Beuttenmüller

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

REENCONTRO







Liberto as palavras para desembaraçar os nós que prendem o cotidiano. Digo, por escrito, a arte de viver sem intimidar a ingenuidade da solidão. Invento gestos de abrigo e despedida. Abraço o sorriso, afago o dorso e o rosto. Passeio sem direção querendo tocar a vida como se pudesse abstrair do concreto, o inatingível - a presença do traço ausente. O tempo vai indo para trás levando com ele as saudades, que hoje, naturalmente, viram lembranças, sem alterar rotas nem rotinas.
Quase não percebi que tinhas ido embora para longe. Por muito tempo.
Embora eu saiba que não és a primeira escolha quando a angústia bater à minha porta, teremos de nos encontrar outra vez , no meio do caminho.
Sentirei prazer nessa viagem que nos trouxe para casa, pois as palavras não morrerão em meus lábios.

CRÉDITO: Imagem e Texto

LÍGIA BEUTTENMÜLLER

sábado, 19 de novembro de 2011

ENTRE ESTAÇÕES OU ENTRESSAFRA

É primavera? Nem sei. Não me ligo nas estações, elas são cruéis.
Nos estancam e impedem que a qualquer hora seja frio ou calor.
Mesmo assim, as flores perfumam e enfeitam minha casa.
Percebo pelo cheiro que invade o quarto e a minha alma
Inibem os travesseiros e confundem a chuva que chegou para florir.
Amasso o compasso, adianto o tempo e deixo a ilusão mascarar as promessas.
Não digo não, sou sim, assim.
Somente espero que os dias se aconcheguem ao tempo
E na perdição das horas, os ponteiros arranquem o silencio da solidão.
Desejo que as cartas escritas sejam abertas na tua caixa de mensagem do jardim ou do celular. Que o caminho da casa ou dos olhos até ao que eu quero te dizer, seja tão curto quanto a distancia que penso, acho, espero,
esteja entre a via , vereda, estrada que liga meu coração a (o )teu.

CRÉDITOS:
Imagem e texto: Lígia Beuttenmüller

sábado, 12 de novembro de 2011

DO MONOCROMÁTICO AO ARCO-ÍRIS







O medo  se veste de coragem, e desafia as cores com as quais pintamos as paredes das nossas vidas. Mudo – calada- o tempo e a vontade. Teço o regresso pra dentro de mim, reavivo a memória que era sonho e a trago – engulo- entre uma baforada e outra, para a luz do sol, sem sombras , nem deserto, sem dúvidas. Duvidas? Domino agora meus passos, delineio o percurso, mapeio o meu novo rumo, sem me preocupar com a sombra que me perseguia ao dormir, e eu achava que era teu corpo cercando o meu. Reviro-me na cama. Hoje  só minha, e não percebo a tua falta.
Agora me alargo e largo a tua ausência. Abraço o travesseiro e me aconchego no seu despretensioso abrigo. Então, não há mais sombras nas dúvidas. Sem amargor a liberdade alça voo. Não me lembro dos costumes, dos hábitos, e nem de você.
QUE O SONHO SE CUMPRA!!!.

Créditos e Imagem:
Lígia Beuttenmüller

O ESCURO DOS NOSSOS DIAS VIROU NOITES SEM SOL


Era uma esquina, caminhos se cruzavam, um sorriso, segredos e sossegos, era somente isso, assim... Mas preferi o desassossego do desejo, embalado nos sonhos, correndo atrás da paixão, tão longe do real... Buscando a razão que tem fome de alegria, da sombra da luz do dia, do calor das manhãs sem sol, do perfume das orquídeas. Era tudo céu, azul como seus olhos e como a vida de você em mim. Queria sombra em plena luz do dia, uma saudade sangrando na partida, uma dor distante, dentro do ego e espalhando-se no apenas. Queria chegada, e tu eras somente adeus, sem arrepios, só tremor, do celular vibrando em caixa postal.
Os meus braços sem cansaço, queriam só enlaçar você. Meus ouvidos sedentos de som queriam ouvir: Oi, amor, é você?.
Errei o número e o DDD.

Créditos:
 Imagem e texto: Lígia Beuttenmüller.