segunda-feira, 6 de novembro de 2006

É noite, e cada vez que ouço o barulho de um carro, na minha rua, o meu coração dispara mais rápido que qualquer motor turbinado, e o som que escuto parece propulsor de ondas numa tempestade de fogo a circular nas minha veias. A lua se esconde por trás de uma explosão de milhões de fogos de artifício como se fora uma noite de S. João ou uma noite de reveillon na praia de Copacabana. E eu igual a uma adolescente apaixonada, espero que a cantora Alcione tenha razão em pedir numa canção “FAÇA UMA LOUCURA POR MIM” e que depois desse espetáculo pirotécnico “noiado” você surja como um cometa rasgando o céu. POR CAUSA DE QUÊ? Porque todos os carros que passavam ou pararam, eram da mesma cor e da marca do seu -todos dourados e da Wolkswagen- as outras marcas tornaram-se momentaneamente cúmplices da minha dor e se travestiram para acalmar a minha alma; até a placas foram clonadas da sua. De qualquer cor, faziam questão de resplandecer num dourado brilhante como a luz do sol, como se quisessem desafiar a noite e a minha tristeza. Fixei meu olhar em todos eles – nem pisquei- com o intuito de ferir os meus olhos, para que as lágrimas companheiras do agora derramassem, somente para dentro e lavassem a minha alma ( como a lavagem da Igreja do Sr. do Bonfim) antes que ela chegasse a enrijecer igual a couro de animal no curtume. Depois desse "banho", respiro fundo e me convenço, finalmente, que a vida não é só noite. O dia chega valente por ser novo de novo, deixando que a escuridão só impere quando ele desistir de acreditar que todo amanhã especial começa sempre com uma bela manhã.