terça-feira, 14 de novembro de 2017

QUASE TUDO



Uma mistura, entre o tempo, o rumo, a trilha, o cheiro de alguém. Olho no espelho, fito o reflexo dos sonhos perdidos, distorcidos, retorcidos de paixão e de saudade num descaso próprio da madrugada fria, que ameaça ir embora numa desconexão do tempo inútil, levando com ele quase, quase tudo.



TEXTO: LÍGIA BEUTTENMÜLLER

terça-feira, 8 de outubro de 2013

TÃO PERTO DO EQUADOR

E O TEMPO LEVOU

Dos meus olhos vejo os teus, 


Nas minhas lembranças percebo tua sombra na mesa, na 

cama.


No teu abraço um cheiro longínquo do que fomos


Desvio o olhar para a janela, para ver o tempo passar


Mas é nela que tu reapareces 


Como se a vida ignorasse o que o tempo levou.

Texto: Lígia Beuttenmüller
E O TEMPO LEVOU

Dos meus olhos vejo os teus, 


Nas minhas lembranças percebo tua sombra na mesa, na 

cama.


No teu abraço um cheiro longínquo do que fomos


Desvio o olhar para a janela, para ver o tempo passar


Mas é nela que tu reapareces 


Como se a vida ignorasse o que o tempo levou.

Texto: Lígia Beuttenmüller
E O TEMPO LEVOU

Dos meus olhos vejo os teus, 


Nas minhas lembranças percebo tua sombra na mesa, na 

cama.


No teu abraço um cheiro longínquo do que fomos


Desvio o olhar para a janela, para ver o tempo passar


Mas é nela que tu reapareces 


Como se a vida ignorasse o que o tempo levou.

Texto: Lígia Beuttenmüller

quinta-feira, 9 de maio de 2013

DO LABIRINTO À MIRAGEM





DO LABIRINTO À MIRAGEM






Miragem

A saudade está na alma. A alma dói como um corpo atropelado. 
O coração virou ilha entre dois oceanos, mas se encanta com o  riso que ironicamente faz contraste com o olhar  do anjo sedutor que se reflete no espelho  e sorri, para depois fugir ao amanhecer. 
Observo amorosamente que tudo está desenhado em labirintos tão extensos que o fôlego não aguenta, o ar se esvai. 
Meu coração ilhado, tece um horizonte cuja linha liga os oceanos, assim, posso tocar  estrelas.
Fecho os olhos, fixo lembranças , tento destroçar a saudade. O resto, o resto é miragem.

Texto e imagem : Lígia Beuttenmüller


quarta-feira, 8 de maio de 2013

O TEMPO LEVOU

E O TEMPO LEVOU

Dos meus olhos vejo os teus, 


Nas minhas lembranças percebo tua sombra na mesa, na 

cama.


No teu abraço um cheiro longínquo do que fomos


Desvio o olhar para a janela, para ver o tempo passar


Mas é nela que tu reapareces 


Como se a vida ignorasse o que o tempo levou.

Texto: Lígia Beuttenmüller

terça-feira, 7 de maio de 2013



















A BAILARINA SE RECUSOU A DANÇAR





Na minha infância, ganhei uma caixa para guardar joias, embora eu não as tivesse. Dentro dela havia uma guardiã, uma bailarina. 

Bastava abrir a caixinha e dar corda para a dançarina despertar. Ai ela girava , girava , girava ao som de uma melodia. 

Não entendia direito qual o mecanismo que a fazia rodar , me contentava em observar sua dança estática, composta de rodopios. 

Enquanto ela girava , eu deslizava, patinava e voava com os meus pensamentos. 

Todos os dias eu a fazia dançar para mim, com a certeza que o espetáculo nunca iria terminar. Ledo engano. 

Um dia a dançarina não quis mais dançar. A corda quebrou e eu não acordei. 

Por anos vivi da sua lembrança, cultivando saudades assim. 

Hoje, tomo uma taça de vinho e com a respiração presa, fecho os olhos, abro os ouvidos. 

Busco-a pacientemente nas minhas memórias e me vejo esperando que ela volte a dançar, para poder desejar-lhe boa noite.

Texto e imagem - Lígia Beuttenmüller

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

MEU RECADO PARA YOANI SÁNCHEZ + GENERACIÓN Y

Sou recifense. Ainda bem que a minha cidade, nordestina, lhe acolheu com menos agressividade. Fico sensibilizada com a coragem que você demonstra no enfrentamento das adversidades e reverencio sua postura cidadã em expressar opinião sobre o regime ditatorial cubano. Enalteço sua capacidade de usar a palavra como poderoso instrumento de libertação, embora a ignorância civil brasileira lhe impeça de divulgar sua persistência política.  Parabenizo-lhe por sua luta em denunciar através do seu blog Geração Y, as atrocidades que o povo cubano vem sofrendo há décadas. Peço desculpas pelo tratamento que alguns brasileiros  estão dando à sua visita. Essse comportamento quase selvagem abala a democracia brasileira, quando pessoas equivocadas não permitem que alguém possa expressar-se livremente, situação inadequada para um país que se diz livre, como enfatiza a Constituição do Brasil. Mas não desista, sua luta pelos direitos humanos terá mais espaço em outros lugares que você irá visitar. Espero que argentinos, peruanos, mexicanos, americanos, espanhóis , italianos, poloneses e tchecos possam dar uma lição de civilidade anfitriã , quando da sua visita a esses países, situação que alguns  brasileiros não tiveram a capacidade intelectual de externar.
P.S. Concordamos com a posição dissidente de Yoani e enfatizamos que  a  liberdade é condição essencial para a felicidade humana, por isso, seu pensamento político- libertário é louvável. Um abraço cordial.


TEXTO: LÍGIA BEUTTENMULLER
IMAGEM : Globo.com

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A LINHA ENLINHADA





No tempo em que o silêncio
cuspia palavras,
o vazio era preenchido pelas horas que
estraçalhava o coração descompassado e dividido em capitanias regionalizando as emoções:
o cérebro sabia exatamente onde se localizavam
os cantinhos da felicidade, saudade e desejo.
A intersecção dessas linhas imaginárias,
seduziam a ilusão.
Então, a esperança foi se perdendo
E entre frases desconexas e sorriso amarelado
piscou os olhos, despediu-se.
Abraçou o que lhe enchia o coração e partiu.

É, talvez a vida tenha lá os seus traçados,
copiados das linhas do Equador.


TEXTO E IMAGEM: Lígia Beuttenmüller

Equilibrista na praia do Arpoador-RJ

sábado, 26 de novembro de 2011

CORAÇÃO É ABRIGO, AMOR É TETO





Amar é bom, ser amado, melhor ainda, mas nunca aprendemos muito com esse sentimento. Nem quando ele nos deixa conseguimos esquece-lo. Quando ele decide ir embora, permanecemos insistindo mais tempo do que o necessário, alimentando-o com migalhas de esperança, e a vida vai passando num tempo que não volta mais. Teimamos em não deixar o coração vazio, nos confundimos com a sombra estampada pelo amor que ao sair nem sempre dá adeus.
É preciso deixar de ter saudades do corpo que antes ocupava a cama e coração. 
É importante trazer o sol para as manhãs solitárias, dar às noites um sono com sonhos , sem pesos nem dores, acabar o pesadelo antes que ele nos arraste para a ansiedade das estações estanques. Acreditar que no inverno há dias com sol, que é verão porque as flores cobrem os jardins, mesmo que a primavera ainda esteja longe.
Quanto ao amor, é muito mais do que nos ensinaram, ele  vai, e se esvai, se a gente deixa-lo escoar. Com o tempo ele volta, com outra forma, sem data marcada, vestido de outros desejos e incorporado a outros anseios e (in) certezas gestuais ou factuais.
Lançe ao mar mensagens que naveguem em garrafas no oceano, espere que alguém as leia e responda com o aviso de quem chega para ficar, pois o abrigo está vazio, com a porta fechada, mas certamente, não trancada.

IMAGEM E TEXTO
Lígia Beuttenmüller


























ÁGUA MOLHADA



A angustia desafia o tudo e se agrega ao nada , as  coisas palpáveis se dividem em alma, e espírito, então  o sossego perde a paz, mas pede calma. Busca a coragem e encontra o medo, se esconde na  divisão binária entre o começo e o fim. Os motivos se agigantam, confundem os sentimentos, que sem sentido vão a qualquer lugar, porque os planos tornaram-se montanhas e picos, impossíveis de serem traçados em mapas ou destinos. Os sonhos, viraram argolas e anéis que se prendem na suavidade do teu riso que é luz, ilumina a mais sombria das noites. Agora a saudade chega mas logo se despede e se despe na ausência. Então a solidão frágil acompanha a vida e a alma separada em dois corpos sobe o Tibet. Escolheu o caminho e não olha para trás.

Imagem e texto:
Lígia Beuttenmüller

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

REENCONTRO







Liberto as palavras para desembaraçar os nós que prendem o cotidiano. Digo, por escrito, a arte de viver sem intimidar a ingenuidade da solidão. Invento gestos de abrigo e despedida. Abraço o sorriso, afago o dorso e o rosto. Passeio sem direção querendo tocar a vida como se pudesse abstrair do concreto, o inatingível - a presença do traço ausente. O tempo vai indo para trás levando com ele as saudades, que hoje, naturalmente, viram lembranças, sem alterar rotas nem rotinas.
Quase não percebi que tinhas ido embora para longe. Por muito tempo.
Embora eu saiba que não és a primeira escolha quando a angústia bater à minha porta, teremos de nos encontrar outra vez , no meio do caminho.
Sentirei prazer nessa viagem que nos trouxe para casa, pois as palavras não morrerão em meus lábios.

CRÉDITO: Imagem e Texto

LÍGIA BEUTTENMÜLLER

sábado, 19 de novembro de 2011

ENTRE ESTAÇÕES OU ENTRESSAFRA

É primavera? Nem sei. Não me ligo nas estações, elas são cruéis.
Nos estancam e impedem que a qualquer hora seja frio ou calor.
Mesmo assim, as flores perfumam e enfeitam minha casa.
Percebo pelo cheiro que invade o quarto e a minha alma
Inibem os travesseiros e confundem a chuva que chegou para florir.
Amasso o compasso, adianto o tempo e deixo a ilusão mascarar as promessas.
Não digo não, sou sim, assim.
Somente espero que os dias se aconcheguem ao tempo
E na perdição das horas, os ponteiros arranquem o silencio da solidão.
Desejo que as cartas escritas sejam abertas na tua caixa de mensagem do jardim ou do celular. Que o caminho da casa ou dos olhos até ao que eu quero te dizer, seja tão curto quanto a distancia que penso, acho, espero,
esteja entre a via , vereda, estrada que liga meu coração a (o )teu.

CRÉDITOS:
Imagem e texto: Lígia Beuttenmüller

sábado, 12 de novembro de 2011

DO MONOCROMÁTICO AO ARCO-ÍRIS







O medo  se veste de coragem, e desafia as cores com as quais pintamos as paredes das nossas vidas. Mudo – calada- o tempo e a vontade. Teço o regresso pra dentro de mim, reavivo a memória que era sonho e a trago – engulo- entre uma baforada e outra, para a luz do sol, sem sombras , nem deserto, sem dúvidas. Duvidas? Domino agora meus passos, delineio o percurso, mapeio o meu novo rumo, sem me preocupar com a sombra que me perseguia ao dormir, e eu achava que era teu corpo cercando o meu. Reviro-me na cama. Hoje  só minha, e não percebo a tua falta.
Agora me alargo e largo a tua ausência. Abraço o travesseiro e me aconchego no seu despretensioso abrigo. Então, não há mais sombras nas dúvidas. Sem amargor a liberdade alça voo. Não me lembro dos costumes, dos hábitos, e nem de você.
QUE O SONHO SE CUMPRA!!!.

Créditos e Imagem:
Lígia Beuttenmüller

O ESCURO DOS NOSSOS DIAS VIROU NOITES SEM SOL


Era uma esquina, caminhos se cruzavam, um sorriso, segredos e sossegos, era somente isso, assim... Mas preferi o desassossego do desejo, embalado nos sonhos, correndo atrás da paixão, tão longe do real... Buscando a razão que tem fome de alegria, da sombra da luz do dia, do calor das manhãs sem sol, do perfume das orquídeas. Era tudo céu, azul como seus olhos e como a vida de você em mim. Queria sombra em plena luz do dia, uma saudade sangrando na partida, uma dor distante, dentro do ego e espalhando-se no apenas. Queria chegada, e tu eras somente adeus, sem arrepios, só tremor, do celular vibrando em caixa postal.
Os meus braços sem cansaço, queriam só enlaçar você. Meus ouvidos sedentos de som queriam ouvir: Oi, amor, é você?.
Errei o número e o DDD.

Créditos:
 Imagem e texto: Lígia Beuttenmüller.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O VOO DA ÁGUIA PERDIGUEIRA



O mundo é redondo e  gira, já dizia Galileu, então as reviravoltas da vida, nesse giro nos tiram às vezes, o chão e o ar. Arremessam-nos a ruas, estradas , lagos, rios , e mar. Talvez, não nos levem, a gente é quem insiste em se lançar. E copiando o universo, circulamos, sempre à expectativa, especulando, espreitando os entornos , procurando brechas , acreditando que não haverá rachaduras no luto, aí vamos indo e voltando como rosas ao vento ou rodas vivas. Os projetos já aceitos e peneirados nas licitações emocionais transformam-se em esperanças concluídas. Dessa maneira acreditamos que antes da Copa de 2014, estejamos comemorando outras vitórias, daquelas que não precisam de estádios nem público, num  cantinho, com seis faces, sem contar as nossas, é claro. Talvez sejam apenas planos tão planos que não requeiram nenhum esforço para subir a colina e constatar o que um visionário teria a certeza de ter visto, pois percebeu, oniricamente, que não há necessidade de voar. Vivo sem pressa, a vida vai do jeito que vai, e eu sigo tranquila.

Texto e Imagem : Lígia Beuttenmüller

domingo, 30 de outubro de 2011

NAS PERDAS, OS GANHOS.



















Perco-me como todo viajante, os modernos usam  GPS, mas nessas questões, o instrumento não tem serventia , por isso,  fica mais difícil situar-me. Esbarro em esquinas, becos e ruas. Desnorteio-me, porque sei a falta que sinto de um sorriso, uma lembrança que possa me dizer: é por aqui, ou por ali. Não creio que eu possa sozinha encontrar o rumo de te encontrar. Um caminho para qualquer lugar é possível, não há necessidade de bússola. Mas quando se quer ir ao encontro do que se deseja , precisa-se de sinalização, referência. É assim. Portanto e, sobretudo, me indique o mapa;  trace , teça o caminho, o ponto, a marca, e, certamente chego ao teu coração, num dia qualquer. 


TEXTO E IMAGEM : LÍGIA BEUTTENMÜLLER

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

INCLUSÃO DIGITAL X ANALFABETISMO FUNCIONAL


MEC vai distribuir tablets para escolas públicas em 2012, diz ministro .

AGÊNCIA BRASIL



(1) Me parece estar vendo um video-tape do Gov. do Estado de Pernambuco que distribuiu a todos os professores estaduais um notebook e uma assinatura de um jornal local. Agora é um Ministro que promete distribuir aos alunos um Tablet. Há professores que não sabem utilizar o notebook e não abrem nem o jornal. Pela parca remuneração necessitam trabalhar em vários colégios e em tres turnos, qual o tempo que pode reservar para ler e navegar?

(2) Bem antes do Tablet e da Informática existia uma coleção literária chamada "Para gostar de ler", e foi assim que brasileiros mesmo pobres aprenderam a gostar da leitura. No Brasil, é necessário que o povo aprenda a GOSTAR DE LER, e tanto faz, se em livros, notebook ou tablet. Já há reciclagem para o papel. Além da preocupação com  a natureza é importante o respeito pelo ser humano, pois quem irá cuidar das árvores se o homem não sobreviver com dignidade e conhecimento? EDUCAÇÃO É SALÁRIO DIGNO E ESCOLAS EQUIPADAS. 
Cuidar da Educação no país é elevar o piso salarial dos professores, e construir escolas mais aparelhadas para atender a diversidade de alunos. Visite uma escola da zona rural desse nosso Brasil, e verá que professores e alunos não precisam de Notebook nem Tablet e sim de respeito.

(3)No mímino essa "dádiva" está atrelada a algum fabricante poderoso que irá contribuir financeiramente para bancar a eleição dos mesmos políticos que aprovam um projeto dessa natureza e esquecem de cuidar do saneamento básico, de reformular as leis , do atendimento à saúde populacional e de honrarem o voto que o povo brasileiro deposita nas urnas.
Que tal ANTES DA DISTRIBUIÇÃO DOS TABLETS, começar com o expurgo da corrupção?


TEXTO : LÍGIA BEUTTENMÜLLER
IMAGEM: GOOGLE IMAGENS

domingo, 14 de agosto de 2011

NA TELA ... O FILME



O tempo revirou tudo , espremeu o passado e do que restou fantasiou-se do nada.  O nada era sobra do que um dia moveu o mundo. A cabeça estava cheia de vento e o coração em tempestade. Mas a razão se incumbiu da medida do silêncio, trouxe um saco de pipoca, um refrigerante, sentou-se na poltrona e se viu na tela. Sorriu, feliz.

MÚSICA: LISBELA- LOS HERMANOS
TEXTO: LÍGIA BEUTTENMÜLLER

sábado, 23 de julho de 2011

DESPERTAR... ENFIM, O FIM.


Despertei do sonho com sede de beber na ponta da frase, suspirar nas entrelinhas e descobrir o tudo dentro nada. Vasculho o verbo, arrasto a vírgula esticando-a para rompe-la em pequenos pedaços até virar reticência. Pausadamente sorvo a vida, construo um compasso , devoro o sabor, metabolizo o poema, me encho de vida. Sou infinda, sinto-me infinita.


Texto : Lígia Beuttenmüller
Imagem: Google Imagens
Direitos Autorais Reservados



CONECTO O CONVEXO


Olhando para o céu procuro a lua, em qualquer fase, ela é minha referencia de luz noturna, natural. Celebro as nuvens, reverencio as estrelas, e aguardo amorosamente o dia, que só nasce quando a noite for dormir.O silêncio preenche o vazio, e dão-se as mãos . Inertes assim permitem que tudo se encaixe.  Basta meu travesseiro e seu ombro, pernas entrelaçadas e o corpo em concha. O côncavo nos faz dormir com nexo, depois do sexo.


Texto e Imagem : Lígia Beuttenmüller
Direitos Autorais Reservados










AQUELA NOITE




Era aquela noite em que a gente se sente só. A luz trêmula se impõe . O peito se expande e se comprime. O suor escorre molhando os silêncios e os bichos de pelúcia, sem respeitar, o ar frio do ambiente. No quarto escuro das lembranças, a moldura se torna a janela para o mundo no qual me debruço e um raio de sol lava meus olhos que de tanto te procurar cansou a retina. A cegueira me tornou incapaz de ver as borboletas , de esperá-las em meu jardim. A poesia calou-se por um tempo , ficou muda , desprevenida, nem era inverno e a noite ficou assim. O dia está de volta, ainda bem que não era tarde demais para me pegares no colo.

Texto e Imagem : Lígia Beuttenmüller

Direitos Autorais Reservados














terça-feira, 19 de julho de 2011

AURORA BOREAL:PALAVRAS , PAPEL E SONHOS

Escrevo por necessidade, as palavras precisam desnudar e vestir a minha alma. Olho as estrelas no céu, e desenho palavras até que amanheça. O sol brilha e traz sombras aos meus versos que versam, bailam sobre o papel, dão cor e sabor ao vento que grita mansamente. Expulsa aquele amor antigo para  permitir a entrada do novo de novo que se transforma em rima e rema contra as altas da maré. O mar não perde seu ritmo, e deixa a bruma deslizar até se incrustar na areia. Assim, as palavras se corporificam, brincam de esconde-esconde para se expandir na esquina. Passa o tempo e num passatempo troca de assunto e murmura. A distância se torna pausa na praça, acende a luz da rua e nua enche o vazio. E num espasmo uteral celebra a vida, que renasce no papel que é ferido pelas palavras que  embrulham sonhos.

Imagem e Texto: Lígia Beuttenmüller

sábado, 16 de abril de 2011

SAINDO DO SILENCIO








Dentro...
Um coração desocupado
Acorda no meio da vida e abre a noite
Em portas, janelas e frestas , lê as estrelas
Rasga a realidade
Descobre que o silencio não protege
Então, a rainha vidente montada num cavalo mágico
Chora feito um bebê


Texto e Imagem: Lígia Beuttenmüller

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

VOAR E SONHAR





Se

a
linha
do tempo
traçar o mapa,
o caminho é curto,
mas se o coração
for o motor do voo,
o mundo é pequeno demais
para duas asas.
Cada sonho uma  viagem
Cada viagem um rumo
Cada rumo um encontro
Cada encontro um prazer
e cada retorno teu
é sempre
a primeira vez
porque
v o a r
é
o sonho que se sente.




TELA E TEXTO: Lígia Beuttenmüller

domingo, 5 de dezembro de 2010

SEM PRESSA ....





Estou de férias da faculdade, agora penso ter mais tempo para descansar o corpo e os neurônios, e isso me dá uma alegria infinda, pois representa mais uma terceira batalha a quase vencer.
Por conta desse compasso de espera, só agora pude agradecer um presente lindo que ganhei de Edi que voltou recentemente de S. Paulo.
Imagino eu, estando aqui, a 2129km de distância , alguem pensar em mim, e fazer questão de personificar essa lembrança.
Nem sempre , ao abrir um presente, lembramos do percurso emocional que ele fez até chegar às nossas mãos. Nem da carta que o mensageiro trouxe, nem do cartão enviado pelo serviço postal ou pelas fibras óticas da modernidade. Parece que nossos olhos estão separados do coração, como ave despedaçada, morta, onde esses órgãos não têm mais serventia, nem conexão. Qual a causa dessa ruptura?
É como se o que nos despertasse fosse apenas o conteúdo - não gosto de ver a embalagem do presente ser rasgada com afã- a magia do desembrulhar denota o carinho da surpresa.
Ao abrir lentamente o presente, saboreei o som mavioso da separação inevitável do durex com o papel, é um canto triste, como todo luto, embora seja preciso por dois motivos, descobrir o que tem lá dentro: a constatação de que fomos lembrados e o que vai se materializar, se eternizar nessa lembrança-presente, naquele momento.
Encontro um adereço de couro, vidro e metal. É uma bicicleta carregando o tempo- um relógio- e eu que vivia "sem hora" rejuvenesço.
Seguro a tira de couro como um pêndulo.
Deslumbrada, examino a peça, faço uma leitura metafórica , de como o artista, conciliou tempo e velocidade, e quem sabe , nunca trilhou os caminhos da Física.
A sua arte me comove, o presente também, como se fosse possível retardar as horas por ser a bicicleta um transporte lento se comparado a outros meios de locomoção.
Aí, podes crer, só o pensamento vence a velocidade dos segundos e dos Airbus. A letra da música  já confirmou isso: "meus pensamentos tomam forma , e eu viajo...." .
A arte investida na música, na pintura ou na palavra, dá esse tom à vida, ao poder de subjetividade do ser humano, que segundo estudiosos da Psicologia a definem como "um espaço relacional, aonde a insistência dos modos de percepção irá instaurar a realidade".
Minha subjetividade me permitiu essa viagem, meu tempo agora vai de bicicleta a qualquer lugar, sem pressa de chegar.



Créditos:
Música: Majestade, o Sabiá- Jair Rodrigues e Ricky Vallen- Letra: Xitãozinho & Xororó

Texto : Lígia Beuttenmüller.






sábado, 27 de novembro de 2010

A CIDADE MARAVILHOSA SITIADA PELA VIOLÊNCIA





As Forças Armadas do Brasil, tentam somente agora, apagar o estopim que vem se alimentando há décadas da incompetência dos nossos legisladores, da inoperância da divisão de poder, do descaso público com a população brasileira.
O número de Ministérios aumenta a cada ascensão presidencial, porque na visão deles é importante gratificar com altos cargos os que amealharam os votos para a vitória eleitoral. É mais interessante criar "chefes", que expandir o número de "chefiados", para proteger as fronteiras, fiscalizar aeroportos, cuidar da Amazônia, combater a disseminação das drogas.
A Cracolândia existe em São Paulo desde 1990, são 11 anos de degradação humana, mas filho de rico não vai para lá, pede o crack por telefone, tem entrega domiciliar, e político, inclusive Serra, não  sobe morro, a não ser para pedir voto, nem vai a velório de pobre viciado. 
Seis dias de ataque no Rio de Janeiro, dão a dimensão do confronto da segurança com criminosos, e pessoas alheias as causas do caos , sofrem diante da tragédia anunciada há anos, hoje, ganham coragem de usar o Disque Denúncia , cobrem o peito com a esperança subsidiada pela fé.
Os governantes são mediadores da ajuda, mas superficial e temporária, como se essa decisão política fosse agora uma atitude politicamente correta. É como estivessem se apartando da "mea culpa" que proporcionou o avanço nada silencioso do tráfico que durante anos a fio, demonstrou seu poderio.
Fernandinho Beira-Mar continua surfando no Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande (MS) comandando o tráfico com a ajuda de parentes, militares, advogados e celulares, segundo notícias da Agência do Estado em 07 de fevereiro de 2009.
Tim Lopes foi herói sem medalha, e sua luta morreu com ele. Para a polícia, prender os acusados era o que importava naquele momento, enquanto a teia dos traficantes ia se agigantando e tomando o espaço do cidadão que fica refém em sua própria aldeia.
Quantas pessoas, vítimas urbanas, noticiadas diuturnamente pela mídia, poderiam ter representado para os governantes um alerta maior da violência descabida que avançava à passos largos em todo país?
Os legisladores teimam em permancer na redoma da imunidade parlamentar, vivem cercados de segurança, e não percebem a necessidade da criação de normas apropriadas e atuais para o combate à violência.
A falta de um código severo corporifica a impunidade. Ser réu primário ou ter o "cateiraço" impede que a justiça seja feita, salvo em alguns casos.
Dirigir embriagado, matar, roubar são crimes afiançavéis, e as "brechas " das leis colaboram para que o cidadão honesto conviva permanentemente com o medo e não acredite no Poder Judiciário. 
A insuficiência no quadro de pessoal nesse setor, permite que os processos criem bolor nas prateleiras , e a morosidade nos julgamentos nos faz descrer da legalidade.
A professora abocanha a bochecha da criança que vive mordendo os coleguinhas, e a imprensa se volta apenas para noticiar a atitude dela, sem atentar para o comportamento inadequado da criança.
Os "holofotes da notícia" esquecem de alertar os pais sobre as atitudes dos filhos, que hoje são crianças, mas vão se tornar adultos, mal orientados, porque provavelmente são criados sem noção do mal que os atos violentos provocam na sociedade.
A vida torna-se uma banalidade e a morte uma pré-passagem fatal, como se a gente não tivesse mais nada ainda para fazer aqui.
A violência não respeita sonhos, contradiz a liberdade de esperar a morte e nos arremessa a ela, por uma bala perdida que afinal nos encontre.




CRÉDITOS:


Notícia: Jornal da Globo- Arsenal de Guerra no Rio! Tanques Blindados da Marinha ajudam na operação contra criminosos.


Texto: Lígia Beuttenmüller

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ESPERANDO...






Não quero a serenidade do horizonte
Nem a calmaria dos mares
Nem a saudade sem ausência
A certeza torna rotineira a chegada...
Anseio o incerto
quero a precipitação de elétrons,
explodindo a vida.

O medo nos distancia
até mesmo do improvável.
Por isso, opto pelo risco,
prefiro pois na minha cama
a utopia de um amor vivido
do que a tristeza do não ceder
Que sejam todos dias , lutas travadas,
perdidas, ou vencidas
Não me permito, na calada da noite,
a desistência de mil batalhas.
Isso é o mais importante do verso
que quero dizer pra você.



Créditos:
Texto:Lígia Beuttenmüller
Música: Van der Lee- Esperando aviões

PRA TE ACOMPANHAR





É madrugada e o mundo foi dormir,

você ganha o sono,
eu a angústia do teu dormir.
Você acorda e eu ainda quero sonhar,
não necessito apenas de ombro e colo
preciso de todo o resto.
Não há ombro sem colo
nem os dois sem amor
Cada palavra,
cada virgula,
perde o senso
segue em outra direção.
O tempo me impede de esperar
em qualquer lugar de mim.
O corpo alimenta o espírito
e os dois se necessitam.


Texto:Lígia Beuttenmüller
Música : Los Hermanos - Último Romance





O HOJE DE CADA MANHÃ


 

A noite da sua  ausência

é hora do alheamento

Entre mim e vc

Travessia noturna

Sem céu nem estrelas

Eu sou a sua melhor opção

Você é a minha melhor razão


Créditos
Texto:Lígia Beuttenmüller
Música Jota Quest -- Só Hoje - Clipe Oficial