quarta-feira, 19 de março de 2008

“PRÁ NINGUÉM”

“De você sei quase nada , Pra onde vai ou porque veio, Nem mesmo sei , Qual é a parte da tua estrada, No meu caminho Será um atalho, Ou um desvio, Um rio raso Um passo em falso, Um prato fundo, Pra toda fome, Que há no mundo”QUASE NADA - Zeca Baleiro
O que sabemos de nós, o que sabemos dos outros?Tenho a resposta quando ouço– QUASE NADA - Zeca Baleiro
Ele é baleiro- porque é simbologia de balas de caramelo, ou por ser certeiro em letras “balas” que mesmo perdidas acertam sempre alguém?
Que vazio é esse que é preenchido facilmente por pessoas que delas não sabemos quase nada? Porque nosso poço se enche de água ou de ar? Se na água nos afogamos por não saber nadar e o excesso de ar estoura nossos pulmões? Como freiar essa busca insana de amar e ser amado? Como estabelecer equilíbrio sem cair da corda bamba?
É difícil administrar a vulnerabilidade e encouraçar o coração quando na madrugada fazemos incursões nas janelas do mundo, e o dia nasce ... a porta se abre, e nela vislumbramos um sol tão brilhante que nos cega mesmo que momentâneamente. A busca parece ter findado, mas a espera desfaz “as certezas” e voltamos , para aonde? Para estradas, caminhos, veredas , casas, salas , pessoas , aliás para as seis paredes, que vão além das quatro , porque incluem o teto e o chão, mas naturalmente prefirimos o confinamento, a prisão, e esquecemos que é no piso que nos situamos e é no teto que podemos fixar estrelas e nele podemos extrapolar o mundo e nelas sonhar com outros vôos.
Não há perdas quando se vai em busca do encontro, porque nunca haverá "certezas "quando descobrirmos que estamos prá ninguém. É essa “incerteza” que nos faz contraditoriamente acreditar que há outros mundos onde sonhar.