terça-feira, 31 de agosto de 2010

E PRONTO !


É assim, e pronto! Essa expressão representa a força da decisão tomada, pelos que questionam e chegam a alguma conclusão, ou ainda a palavra finita dos teimosos. Agir com teimosia pode ser a única saída para resolver definitivamente algum problema, ou abrir caminhos para novos problemas sem romper os vínculos.
Quantos momentos um "e pronto" demonstra poder , rigidez, prontidão, decisão ?
Acho que sou "mole" pra essas coisas , demoro a tomar decisão, como se os meus neurônios ainda girassem na rotação de LP- 33 rpm. Pondero muito, penso sempre nas consequências, e tenho a mania de esperar que o tempo apazigue os tornados , e os terremotos.
Rendo-me à essa evidência, e pronto!


Texto: Lígia Beuttenmüller
Crédito da imagem: Marta Adalgisa Nuvens

domingo, 29 de agosto de 2010

DEPOIS DO FUTURO




Estou hoje vencida, como se antevisse que haverá um dia que a verdade perderá a lucidez, e se angustiará como se estivesse para morrer, dando uma sensação de um nó tão apertado que não permite que o ar saia para tomar fôlego.

Uma sensação de abandono tomará conta de todo espaço invadido, a paixão enfraquecida, se assustará, e se entristecendo vai esborrar de mágoa, as palavras tornar-se-ão fantasmas alegóricos, nem mais nem menos.
As lágrimas irão afogar a alma, encharcar os olhos, quebrantar o corpo, e desesperar o amanhecer, quebrando a paz que se abriga no recôndito da serenidade.

Na madrugada havia algo de trágico se delineando, um rosto desfigurado, sem nome, insistia em não dar trégua a régua que mede o sentimento pelo caminho inverso, assim, do fim para o começo, quando ainda a linha escrita era apenas um arremedo de traço de grafite, que qualquer chuva ou vento forte poderia apagar.
A raiva incontida, inversamente , fortalecia o medo de perder seja o que a ilusão mistificasse , fosse a paixão ou um amor.
Naquele instante o futuro tornou-se presa encurralada, sem poder exercer o tempo que ainda viria, mesmo tendo nascido com o agora não conseguia se manter lá. Estava sendo puxado, empurrado , arrastado para o presente, numa correnteza desenfreada como um romper de uma barragem.

Agora só restava juntar os pedaços de um coração partido e descrer que o que estava acontecendo, seria apenas um treino, como se o coração estivesse se exercitando para combater uma grande queimada, tendo apenas lágrimas para apagar os focos de incêndio.


Texto e Imagem : Lígia Beuttenmüller

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

NOITES ASSIM, DIAS SEM FIM


Como é bom revirar o corpo e encontrar, a quase certeza de estar entrelaçando as pernas andarilhas, que percorreram o mundo entre as coxas de outras moças.
E todo dia, toda madrugada o meu desejo desafia a distância e te rapta para a minha cama , com a intimidade, fragilidade e doçura, que só os amantes apaixonados se permitem.
A trilha de agora abre espaço para o aconchego cúmplice. A solidão enlouquece, sai desnorteada, buscando abrigo em algum coração solitário.
Eu sonho sonetos e poemas , calor e sombra, desejo e paixão. O dia amanhece , meu telefone toca ... é você quem me chama, querendo me acordar, para namorar e dar ao meu coração, mais um dia feliz.
TEXTO e IMAGEM:
LÍGIA BEUTTENMÜLLER

QUANDO VOU DORMIR


Relembro tua chegada em meu coração ... trazias a roupa molhada de pingos de chuva, e antagonicamente raios de sol resplandeciam em teus cabelos surpreendendo-me como se isso não fosse possível.
Mas logo me convenço, porque vejo que tua imagem reflete a luz de cada amanhecer como o dia nascendo pela primeira vez, é como um espelho encantado que é capaz de dar vida às ilusões.
Então penso que você me abraça, e ouve o meu coração, rendido, e entregue, alagado de paixão, afogado de esperança, seguindo o amor achado por acaso na passagem pelo mundo.

Recordo teus olhos como luzeiros que iluminam cais e porto, navio e canoa, estrada e vereda, como se fossem faróis de gás xenônio, que emanam uma luz azul esverdeada, translúcida como raios de luar, para confundir minhas noites e meus dias.
Depois de me encandear com teu resplendor, vou tateando as paredes da saudade, esbarro na tua ausência e me pergunto onde está você, mesmo sabendo que não sei responder a todas as perguntas do mundo, pois a tua ausência é infinitamente, a tua ausência.

TEXTO E IMAGEM: LÍGIA BEUTTENMÜLLER

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O AMOR É UMA PAIXÃO?



Nunca se sabe se esse sutil encanto, que envereda os sentimentos e transtorna os pensamentos pode ser apenas uma definição explícita de um desejo imerso em fantasia. E por mais que a gente tente vestir a vida, ela se desnuda, e sedenta toca as estrelas no portal da saudade, incita a desconfiança e traduz o ciúme. Cada vez que a separação se instala, o corpo levitando, flutua em volta do mundo, segue cada giro , bordando letras, escrevendo no etéreo com linhas de néon, como se pudesse firmar no firmamento o que seu coração não consegue decifrar. Busca responder aos enigmas que em viagens obscenas e secretas, fazem abrir os braços e fechar os olhos, abraçar o infinito e vislumbrar o sonho ao som de músicas ébrias, tão tontas como as vontades de girar com o mundo e deter o tempo, para morrer de amar, inventar um código e decifrar sobretudo se essa paixão é amor ou muito mais.
Então eu digo a essa saudade doida toma-me, bebe-me a noite inteira como se eu fosse o único gole que matasse tua sede. Porque é isso que eu quero ser.
Texto :Lígia Beuttenmüller
Imagem:Google Imagens

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

JUNTO, PERTO, E LONGE



Eu digo que saudade é ansiar pela presença da ausência. É querer ter perto quem foi para longe ou quem nunca ainda chegou, dessa maneira tentamos conseguir estratificar, congelar a imagem, a lembrança de quem nos faz tanto bem.
Quantas vezes nos pegamos tentando trazer de volta quem partiu, quem foi embora das nossas vidas, mas que permeia quase sempre nossas recordações, legitimando, e muitas vezes, caracterizando uma separação, uma perda.
Embora possa mais claramente, também ser, um sentimento pertinente e insistente querendo apenas preencher o vazio que está cheio dela própria , a danada da saudade!
A minha saudade é aquela que ocupa mais que a metade ou o lado do meu peito, é aquela que se imprime e se instala depois do amor, depois do aconchego do amor, depois do arfar da paixão, depois da plenitude do prazer.
Por causa dela parece que falta o beijo , mesmo o que ainda , nunca foi dado pela boca que passeia por todo o corpo, conduzida pela língua molhada e seguida pelas palavras sussurradas perto do ouvido, como se o vento norte estivesse rondando nossas orelhas, representando um ritual de passagem.
As pernas tremem como se uma longa estrada houvesse sido percorrida, como se 100 metros rasos fossem uma maratona. O fôlego parece sentir falta de ar como se a gente estivesse subindo ao Everest. O olhar percorre toda a cama, as mãos esbarram em travesseiros, os pés roçam o espaldar da cama, mas o coração sabe que a saudade , essa saudade é de quem nunca se viu, mas sempre se amou.


TEXTO: LÍGIA BEUTTENMÜLLER
IMAGEM: MARTHA DIETZ BEUTTENMÜLLER - Suiça

domingo, 15 de agosto de 2010

PARA A VIDA INTEIRA ? AINDA É POUCO


A sombra rasgou-se, e perto dali um foco de luz projetou quem estava longe , trazendo à lembrança o que não há como esquecer porque a paixão materializa-se e vai buscando se enraizar na idéia de amar.
Mesmo que os pés errem o passo, a estrada não deixará de ampliar o espaço, para que os tropeços do destino trôpego e embriagado pelas ilusões, consiga asas e alcance as nuvens.
A paixão brota como semente convidada pela terra fértil, num silêncio cúmplice, sedutor, que esconde os medos e deixa entrar em cena todos os desejos enlouquecidos, que pedem licença para brotar.
No canto escuro do quarto nasce a cada noite um clarão repentino, transbordante de esperança, envolto nas cores do arco-iris, vestido de sonhos, dando ao coração razões para se apaixonar.
Apesar da distância, paira a certeza de que se o encontro se der, será para a vida inteira, e isso acontecerá quando
a paixão decidir morrer para nascer amor.

Texto : Lígia Beuttenmüller
Imagem: Martha Dietz Beuttenmüller

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

BORBOLETAS? NÃO...


A garota vivia caçando estrelas, mas não tinha intenção de percorrer todo universo para encontrar a estrela desejada, aquela que se diferenciasse das que ela já conhecia. Assim, dentro do seu coração havia a quase certeza de que não precisaria ir muito distante para alcançar o plasma luminoso com o qual sonhara sempre.
Mudava o horário de busca, entrava logo ao entardecer, mas não demorava muito, tinha outros afazeres pontuais. Dormia por pouco tempo, e na madrugada, quase ao dizer bom dia ao dia, enveredava pelos anéis planetários para encontrar a estrela que trouxesse em seu brilho os raios da paixão.
Passou por nuvens, enfrentou lampejos de raios, até que se deparou com uma quase estrela, quer dizer, parecia ter sido estrela, mas dava a entender que não queria mais emprestar seu brilho, pois se acostumou a ficar escondida entre outros corpos celestes e a brilhar para outros céus.
Mas o poder de sedução da garota, agora deveria ser colocado à prova, teria que dar um abraço que despertasse a estrela, e dar espaço para o sossego.
Enfim, a espera e a busca teriam que partir juntas, depois que a paixão se instalasse e bem antes que o amor rasgasse a pele.


TEXTO: LÍGIA BEUTTENMÜLLER
IMAGEM: Martha Beuttenmüller -Suiça-

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

SENTIMENTALIDADES



É inevitável, não tem mais jeito....
Dá vontade de correr, para onde imagino que você possa estar, mas tenho que esperar a hora do encontro, mesmo que eu sinta uma urgência sem fim .
Não existe sono, cansaço ou rotina que se interponha a esse desejo , é como se você fosse a boa notícia que chega , seduz e permanece em mim , alimentando a fantasia com pedacinhos de chão banhado de estrelas.
Surge então, o tempo abrindo janelas, prendendo idéias, planejando sonhos e fechando as cortinas das impossibilidades e do improvável . A chegada do sol reflete a alegria com um brilho mais incandescente no olhar.
O que nos resta é esperar que as promessas se fixem em nossos destinos, e o beijo apaixonado invada o céu das nossas bocas, onde a paixão brinca de aprender a amar.
Agora é sorrir e consentir.

OLHANDO NUVENS


De todo o amor que eu tenho
Metade foi tu que me deu
Salvando minh`alma da vida
Sorrindo e fazendo o meu eu
Se queres partir ir embora
Me olha da onde estiver
Que eu vou te mostrar que eu to pronta
Me colha madura do pé
MARIA GADÚ –Dona Cila


Os amores que enfeitam nossas vidas , certamente foram
construídos com gestos, palavras , encantamento e sedução. É impossível classificá-los , pois não há maiores ou menores, melhores ou piores, foram e são todos vividos na intensidade que nos propusermos vivê-los, considerando também como eles foram injetados em nós, refletidos em atos de confiança e gratidão, os quais enfeitam nosso estandarte, embelezam nossa alma , fortalecem nosso espírito, enchem de ar nosso fôlego e aprofundam nosso suspiro. O amor nos move e nós movemos o amor, num eterno ritual mágico e cósmico.
O amor vira música, filme, novela, fotografia, outdour, poema, poesia, é registrado em guardanapos, pedaço de papel, painés, revistas, livros, CDs, DVDs, encerram histórias alegres ou tristes, marcadas indelevelmente na vida de cada um, em qualquer estrada de algum caminho.
Então, eu abraço o amor de novo, cheiro, beijo, lambo , aperto, mordo , deito em seu colo , sentindo que o afago é bom como um cobertor na noite fria e delicioso como um sorvete num dia de calor.
Esse amor não se perde em si mesmo, embora, ele possa me dar adeus, quando eu menos quiser .
Pode ser até mesmo, quando eu estiver distraída, apenas olhando as nuvens formando figuras no céu.

Texto :Lígia Beuttenmüller
Imagem : Google Imagens

terça-feira, 10 de agosto de 2010

VIVENDO E EXISTINDO


O amor caminha sobre as montanhas,
passeia nas nuvens e desliza no mar,
e enquanto ele solta seu vozeirão aos quatro cantos de mim,
o vento sussurra para o mundo o meu silêncio.
A saudade toca o meu braço se enrosca e me enlaça,
pousa em meu ombro, despenca para o meu coração.
Mas meus olhos buscam os teus,
então, procuro tua fotografia capturada
numa madrugada pelo Print Screen.
Vejo teu rosto, como se eu pudesse identificar cada pixel
que aglutina a tua imagem, para dizer-te mil segredos.
Faço o delineamento dos teus olhos
tentando aprisionar o teu olhar,
amplio tua boca, imito o teu sorriso e guardo-o na lembrança.
Tem sido assim, sem reticências,
sem vírgulas, nem pausas
porque há destinos que se cruzam,
vão além das linhas fronteiriças da geografia
ou das desenhadas e demarcadas numa folha de papel.
Melhor...? Ainda não pode ser.
Imagem e Texto: Lígia Beuttenmüller

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

UMA DANÇA CHAMADA TANGO


O que queres quando danças tango com a língua, em meu pescoço, em minha boca e no meu ouvido? O que fazes quando atravessas meu caminho e incendeias a minha alma com larvas do vulcão islandês, cujas cinzas se incrustam em meu voo, logo agora que eu ia hibernar?
A tua presença na tela invade a minha retina como um colírio em dose certa, que amplia meu ângulo de visão e me dá a clareza da distância que impede tocar tua pele e de sentir teu cheiro.
Então, porque me convidas para dormir ao teu lado, arranjas um espaçozinho entre teu corpo e os lençóis, e me ofereces o ombro depois do amor?
Depois de tudo, fechas os olhos, aí me despeço, mas fico, enquanto a madrugada passa, continuo a mergulhar nesse sonho para devassar o desconhecido. Me abobalho, ao ver o teu corpo adormecido, e também durmo.
Ao amanhecer , me enrosco em tuas pernas , aconchego a minha boca ao teu ouvido e grito baixinho, ensaiando um modo de te acordar pela primeira vez.
Hoje o convite se repete, assim será por longas noites.


Texto e imagem: Lígia Beuttenmüller

sábado, 7 de agosto de 2010

A TRISTEZA DA DÚVIDA


A cada dia qualquer despedida tem cara de adeus,
mesmo que a vontade dê a certeza de um até daqui a pouco .
O até logo sempre nos silencia e rigorosamente despenca naquela ansiedade inquietante até chegar o próximo encontro.
Qualquer demora entre a hora marcada e o tempo de espera concretam a inquietude.
Nesse intervalo as justificativas da demora vão do esquecimento à aflição de um problema mais sério que possa quebrar o ritmo estabelecido desde o primeiro olhar.
Assim, esperar, seja o que for abala qualquer esperança e desestrutura a carruagem de fogo que tenta atravessar savanas e desertos.
Pouco sabe-se sobre os laços invisíveis que nos ligam ou nos separam,
nunca sabemos quando o nó permanece nos prendendo ou se numa viela ou avenida alguém vai despertar novo interesse e mostrar outra razão, outro motivo para mudar de rumo.
Nesse instante é melhor fechar os olhos e adormecer ouvindo
a doce voz selada em segredo da última vez que cada pedaço se uniu, para não permitir que a tristeza enraíze a dúvida, ou a dúvida faça nascer a tristeza, isso, é essencial.
É bem melhor pular essa parte, e viver o agora na medida em que se consegue ser feliz .
Se é para perder, que seja para depois de conserguirmos algum ganho, ao menos a intuição de que a felicidade esteve entre nós, e permeiou nosso corpo, nossa cama, como uma fita acetinada que amarrou pacotes de presentes recebidos na infância.
Agora, embora os sonhos tenham inúmeros significados, nem sempre é tão dolorido ter que acordar, mas , às vezes é melhor pular essa parte também.


TEXTO E IMAGEM : Lígia Beuttenmüller

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

QUAL O CAMINHO DO TEU CORAÇÃO



Como pássaros ao entardecer voando em direção ao sol,

assim minha paixão busca refúgio e abrigo em teu coração,

para escapar das esquinas ruidosas

e dos raios que transpassam as nuvens cinzentas tão circunstanciais.

Elas deram um tranco atento no meu peito,

coincidindo com o ritmo das batidas do meu coração.

É como um gesto, uma moldura para guardar o cio da maré mansa

e do mar quieto, que sabem onde há uma praia depois da sombra da montanha.

Traço meu caminho, cruzo meus planos nos seus.

Ai vejo você dizendo para os meus olhos que o seu coração quer o meu,

então, eu te quero de novo, um pouco antes de dormir.
TEXTO E IMAGEM: Lígia Beuttenmüller
Imagem: Rio Capibaribe ao anoitecer.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

QUANDO A PAIXÃO BRINCA DE AMAR


A força que atrai a paixão
esfumaça os espelhos sob a luz da madrugada
nos remete aos quatro cantos do quarto
dribla a distância, engana os medos.
Mistura a sede com o que ronda a cama,
o corpo aquece, mas aperta o peito
e nesse meio tempo
há um lamento no fundo da alma
que antes tão calma , agora emerge do nada
quando o amor vai se fazendo aos poucos
e a saudade também.
TEXTO E IMAGEM: Lígia Beuttenmüller
Imagem: Rio Capibaribe ao amanhecer II

terça-feira, 3 de agosto de 2010

VONTADE DE DANÇAR, SALTAR E VOAR...ENFIM.




Eu sou o sonho, o céu , o mar, o lilás, o chão, mil vezes acordarei e baterei na porta do mundo, e chamarei milhões de vezes o teu nome. Evocarei tua lembrança, para que a vida tenha uma cor além do cinza, que o teu sorriso apareça em cada rosto que eu veja, que seja verdade o teu olhar que me segue e que motivos surjam e por mais aparentes que possam ser, me interessem, me estimulem , e tenham sabores e odores especiais como gosto de graviola com mel de engenho, como cheiro de castanha assada na beira da estrada, e impregne a minha aura numa eternidade construída de pontes que atravessem o tempo.
Nesse momento, estou pensando intensamente em tudo que faz parte dessa passagem , até que as horas se quebrem em sono, que os dias passem e passeiem como aves que não perdem o sentido da rota.
Que tudo tome a forma do teu corpo e me tome em círculos, me entonteça, quando estendo as mãos por dentro da tua ausência , quando assusto o medo e corro em busca do teu sussurro para matar a minha saudade. Não posso perder a hora nem a estação. É verão no meu peito e há sol na madrugada.
Imagens e Texto : Lígia Beuttenmüller
Imagem: Rio Capibaribe ao amanhecer.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

LAMBENDO SONHOS


Estava cada um em seu lugar, esperando, com a incrível certeza que se cruzariam, numa rua, esquina, estrada, travessia, era certo sim que em algum dia, em algum lugar haveria conspiração de astros , ventos, luas, estações, planetas, e o encontro aconteceria.
Haveria sim , de alguma forma conspiração à favor para o braço encontrar os abraços, a boca encontrar os beijos, e o coração afagar a alma.
A brisa falaria qualquer coisa, passaria todos os dias dizendo a mesma frase ao coração aflito, para preencher o espaço que a felicidade deixara vazio. Eram palavras de amor, sentidas pelos olhos, vistas pelo ouvido, cujo som materializava-se na vontade cruel e na certeza de que em qualquer dia, em qualquer lugar o inevitável aconteceria, que a vida chegaria em festa, do jeito esperado, e era preciso dançar, a música que entra no coração e traz a graça ingênua do que não foi feito para durar.
E foi assim, enquanto as violetas voavam, nossas asas se tornaram mais leves, o céu chegou mais perto, então soubemos que ele é aqui!
Ele é o tempo que atravessamos enquanto estávamos esperando, lambendo sonhos, e pronto!!!
Imagem: Google Imagens
Texto: Lígia Beuttenmüller

domingo, 1 de agosto de 2010

ERA PARA SER ASSIM


Acordar no domingo, com as pernas ainda entrelaçadas depois do amor que se fez, revirar os braços, abraçar, soltar, abraçar de novo para ter a certeza que a noite os unira, e que o sol estava intrometendo-se naquele instante mágico, entrando pelas frestas da cortina, vindo queimar a pele e os expulsar da cama. Alguem tem que decidir-se...
Ir ao banheiro, refrescar o corpo, acordar os olhos, branquear o sorriso, voltar e espreguiçar na cama de novo, “fuçar “, empurrar, “fungar” no pescoço, beijar de leve a nuca e empurrar da cama, despertar, ver a vida.
Mas nada lhes convence a sair da cama. Ligam a TV e discordam da programação oferecida àquela hora, bem que poderia ser um filme mais provocativo, pois queriam apenas um motivo mais visível, e palpável que aquele ombro estendido como degrau de uma escada que haviam descido pela madrugada afora.
Teriam combinado antes, ir ao parque, logo cedo, caminhar para manter à forma, acelerar os passos para suar e destilar as bebidas ingeridas no fim de semana, apreciar crianças nos brinquedos, dar uma olhada no lago, observar os peixes , voltar para casa, e antes, na volta, comprar comida pronta, daquelas que são acompanhadas de palitos, e biscoitos da sorte. Lembrariam do sorvete, para ser consumido enquanto assistissem ao filme locado, mesmo dispersando pipocas de microondas no tapete da sala.
Tudo programado, mas nada parecia engrenar.
A cama estava mais convidativa que qualquer possibilidade de vida lá fora. Agarraram-se, novamente , enroscaram-se, aconchegaram-se e as horas foram passando, e entre um "fungado" e outro , um beijo e um carinho a mais, o dia despediu-se, e a noite bateu na porta do quarto.
Aquele domingo era daqueles dias que a gente quer que o mundo pare, a hora esqueça o tempo, e a vida celebre o amor, que glorifica estar assim, ao que se quer, com quem se quer, para o que vier da forma que se quer.
Se há momentos melhores que esses não me falem, esses me bastam, nos bastam!
Era para ser assim...
TEXTO: Lígia Beuttenmüller
Imagem: Google Imagens