quarta-feira, 29 de outubro de 2008

MINUTO-LUZ




MINUTO-LUZ






Por acaso deparei-me com a imagem desse globo terrestre e em meus textos falo quase sempre sobre o tempo. Por causa disso pensei em falar na maravilha de saber que a terra gira e nós em sua superficie , giramos com ela também , e não ficamos tontos , e se parados não saimos do lugar, nem os lugares saem das suas posições. Minha casa sempre estará aonde penso, sei, que está.Que alívio!
E falando em giros penso na medida do tempo quando me dizem, ou eu mesma digo "um minuto" seja ao telefone, no MSN ou pessoalmente numa pausa durante uma conversa.

Quanto dura um minuto, num contexto assim? Sinceramente , tenho certeza que passa dos 60 segundos que o célere "ponteiro maior" do relógio analógico faz numa volta que ele dá. Não sei se seria melhor ou pior calcular astronômicamente para tentar entender como demora esse minuto.

Existe o minuto-luz que é uma subunidade de comprimento, utilizada em astronomia e corresponde à distância percorrida pela luz em um minuto, no vácuo, portanto, um minuto-luz vale 17.987.547.480 metros (aproximadamente 18 milhões de quilômetros); ou ainda 0,12 UA.

Isto quer dizer que fica mais fácil os neurônios entenderem como um minuto demora tanto, mesmo porque quando estamos ansiosos é quase impossível , sossegar o coração.
Talvez agora seja mais compreensível aceitar uma ausência de 1 minuto , se converto esse compasso de espera em anos- luz. Agora sei que não é um minuto que nos separa, mas quilômetros estão entre nós, por isso compreendo porque você demora tanto p'ra voltar.



By Lígia Beuttenmüller

Créditos de imagem Wikpedia

domingo, 26 de outubro de 2008


Kuwait x Kuait

Ele estava passeando pela praia quando chutou algo, era uma lata de Kuait, e foi remetido ao emirado árabe, relembrou fielmente as informações das aulas de Geografia ...é um pequeno país do Oriente Médio, com limites ao norte e oeste pelo Iraque, no leste pelo Golfo Pérsico, e ao sul pela Arábia Saudita ... Que interessante, estar numa praia ensolarada e vir isso à sua cabeça. Riu ao constatar o poder de armazenamento de suas lembranças. Segurou a lata e uma lembrança mais recente aflorou: a propaganda do refigerante brasileiro cuja campanha instiga as pessoas num metrô a encarar a vida com uma alegria sonora que contagia a todos, lembrou também de um outro comercial , do mesmo produto , cuja frase estimula as mudanças internas e externas : “ se a gente muda, a arte muda (referindo-se ao grafitismo em S.P), o mundo muda”. Sentou-se num barzinho, ficou pensativo e pediu uma Coca-Cola; sabia que o efeito de um refrigerante é apenas “refrigerante”. Mudar o quê ? Mudar p'ra quê? Mudar por quê? Ora, foi apenas um chute numa lata.
Mudanças não nascem de "topadas em latas" nem de fora pra dentro, o caminho é sempre inverso.
by Lígia Beuttenmüller Direitos Reservados
Crédito da imagem http://heresmitta.ig.com.br/

segunda-feira, 20 de outubro de 2008






LEI ELOÁ



A PARTIR DESSA DATA 20/10/2008 NENHUMA AÇÃO DA POLÍCIA, GATE, HOPE, SERÁ RESPALDADA NA INCOMPETÊNCIA, NO ABUSO DE PODER, NEM NOS CONCEITOS SUBJETIVOS DAS EMOÇÕES.

ART.1 TODO POLICIAL PERTENCENTE A EQUIPE DE RESGATE TERÁ QUE SE SUBMETER AO TESTE DE RESGATAR SEU PRÓPRIO FILHO, ESPOSA OU MÃE PARA SER CREDENCIADO A PERTENCER AO GRUPO.

ART.2. TODO COMANDO DA AÇÃO DE RESGATE DEVERÁ TER A HUMILDADE INTELECTUAL DE ASSUMIR QUE NECESSITA DA AJUDA DE OUTROS PROFISSIONAIS COMPETENTES PARA DECIDIR ACERTADAMENTE QUE ATITUDE DEVERÁ TOMAR EM CASOS DE RESGATE.

ART.3. TODA AÇÃO DE RESGATE SERÁ RESPALDADA NA VALORIZAÇÃO DA VIDA, INICIALMENTE DO(S) SEQÜESTRADO(S), E EM ÚLTIMO LUGAR A DO(S) SEQÜESTRADOR (ES)

ART.4.TODA A EQUIPE DE RESGATE DEVERÁ MUDAR SEUS CONCEITOS SOBRE A MOTIVAÇÃO DE UM PRÉ-HOMICÍDIO, CONSIDERANDO QUE UM “PSEUDO”DESEQUILIBRADO EMOCIONAL NÃO PODE VENCER A RACIONALIDADE DE TANTOS.

É UMA PENA QUE DE NOVO TENHAMOS ASSISTIDO A MAIS UMA BARBÁRIE, NOTICIADA INITERRUPTAMENTE PELA MÍDIA E PROTAGONIZADA PELAS INSTITUIÇÕES SECULARES: A FAMÍLIA, O ESTADO E A SEGURANÇA PÚBLICA.


COMO PODE OS PAIS NÃO ACOMPANHAR E INTERFERIR SERIAMENTE NA VIDA DOS SEUS FILHOS? Como uma mãe permite que os filhos comecem a namorar tão precocemente? Como não fazê-los aprender a realidade da vida por atos de amor, de companheirismo e CUMPLICIDADE familiar?

Não podiam, ah! Não podiam ...tinham uma arma guardada em casa, uma desobediência civil que foi ADICIONADA a artilharia do seqüestrador .

COMO PODE O ESTADO REPRESENTADO PELOS POLÍTICOS QUE ELEGEMOS SILENCIAR ANTE A UMA REFORMA URGENTE DAS LEIS DO PAÍS, RESPONSABILIZANDO MAIS DURAMENTE OS TRANSGRESSORES, SEM RELEVAR SE SÃO ASSASSINOS PRIMÁRIOS, “SECUNDÁRIOS OU SUPERIORES”?

Não podem, ah! Não podem... Vivem buscando provas de transgressões entre seus pares, passam o tempo todo abrindo e reabrindo CPI – Comissão Pública da Impunidade- para matar o tempo , como aluno que gazeia aula.

COMO PODE A SEGURANÇA PÚBLICA SE REVESTIR DE INÉRCIA, QUE NOS DEIXA APRISIONADOS DENTRO DE NÓS MESMOS, ESPERANDO A MORTE ANTECIPADA, OU QUE UMA BALA PERDIDA QUE NOS ENCONTRE?

Não podem, ah! Não podem mesmo... Os poderosos vivem cercados de segurança para si e para seus familiares, moram em fortalezas sitiadas pelos lacaios, trafegam em carros blindados pagos com nossos impostos.

E nós? Só temos que esperar ou não, que a Escala de Glasgow nos leve à masmorra do castelo escocês para que outras pessoas vejam a vida pelos olhos de outras Eloá's.
by Lígia Beuttenmüller- Direitos reservados
Imagem - uol

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

AVULSA



ACORDOU TARDE, ESPREGUIÇOU-SE COMO NUNCA MAIS HAVIA FEITO, VIROU-SE PARA O LADO, OLHOU O SOL FAZENDO SOMBRA EM SEUS PÉS. Riu para o despertador, zombou do tempo, do trabalho, do trânsito, da secretária, do almoço executivo, do elevador, do patrão. Era só risos. Imaginou o café, o chocolate, a coca-cola, o cigarrro (o pior rsrsr), ligou o som e coincidentemente estava lá “ My Way”, numa sonoridade “Sinatriana” e agradeceu de forma subliminar, a programação da rádio local, por ter lhe dado de presente essa trilha sonora para o início de suas férias. Desligou o celular e não ligou a TV. Queria apenas saborear a chance de ser "avulsa" por trinta dias para decidir aonde ir ou estar, de falar ou calar, de sentir ou “adormecer”, de sorrir ou chorar , de partir ou ficar. Estava tudo sob controle real. Tinha um mês para se sentir desvencilhada de compromissos , obrigações . Queria revirar gavetas, rasgar contratos e cartas que já não tinham valor. Sentia vontade de excluir, exorcizar-se das tralhas e traças. Queria fazer tudo isso num tempo sem tempo. O dia passou lento como se os ponteiros fossem cúmplices da sua liberdade. A vida parecia parada e enclausurada no seu quarto. Tudo esperava o seu comando.
Anoiteceu, contou estrelas, convidou a lua, pra adentrar, abriu escancaradamente as janelas e as cortinas . Brindou o luar com uma taça de vinho sem preço, só pelo prazer e pelo sabor, naum era Hermitage La Chapelle 1961, nem um Château Mouton-Rothschild 1982, era um vinho sem marca comercial, mas tinha um valor emocional inquestionável, guardado por anos a fio , para um dia especial como aquele, iniciado do seu jeito , do seu melhor jeito de ser feliz.

domingo, 12 de outubro de 2008


SOLIDÃO ACOMPANHADA

Há muito tempo não acontecia na vida dele, nenhum acontecimento especial que desse uma guinada na sua existência, mas tudo sinalizava que ele estava em fase de desamor pelo mundo . Talvez por opção ou desencanto, não se sabe.
Vivia curtindo sua solidão, acompanhado de si mesmo, e de tão só, havia momentos extremos que nem ele estava consigo.
Era a fuga existencial que o separava da multidão, e coexistia no seu próprio eu. Havia gente demais para pouco espaço.
Vivia assim, dentro de muros inalcansáveis, porém visitava diuturnamente seus próprios porões mesmo andando a ermo dentro de si.
Do lado de fora, só dava chance ao sol, que entrara por uma brechinha da sua carteira -havia instalado em casa uma sala de bronzeamento artificial .
Sem sair do seu reduto, ia ao Louvre ou a qualquer lugar, visitava as salas de exposição do museu, em especial as antiquités grecques, étrusques et romaines, e se encantava com as esculturas gregas situadas no sótão. As cerâmicas e os bronzes no 1º andar, chamavam a sua atenção.
Passava horas, olhando os objetos, procurando neles as raízes da sua inércia interior. Buscava companhia , como se aquelas peças pudessem ganhar vida.
Mas nem por isso se angustiava, tornara-se assumidamente nômade virtual e - ao click do mouse – o “ratinho” lhe levava para aonde ele quisesse, era disciplinado, para atender os seus anseios.
A cada investida, seu GPS mental localizava rapidamente seus interesses, indicava rotas, assim, sentia-se mais confiante e pronto para novas incursões virtuais.
Entre intervalos se perguntava, quem ou o quê seria o amor da sua vida e de
imediato, olhava (alegremente ) no espelho, porque gostava poeticamente da sombra da sua própria ausência.

by Lígia Beuttenmüller
Créditos de Imagem - Lígia Beuttenmüller

quinta-feira, 9 de outubro de 2008


O QUE FALTA E O QUE SOBRA

Ele chega em casa e em qualquer lugar,

com cara de satisfeito,

satisfeito com uma vida medíocre,

pincelada pela menor parte do muito.

E quem o conhece sabe que ele não embala sonhos,

vive da dura realidade que ele próprio criou.

Não arrisca, não aposta , não começa , nem termina,

mas teima com tudo , com todos e com ninguém.

Tem uma vida inóspita para a felicidade,

sem choro, nem risos , nem explicações.

Detesta dar satisfações , inclusive a ele próprio para

não desequilibrar o que ele considera ser uma

atitude segura e indolor.

Bebe uma cerveja dourada e redonda ,

perde-se na viagem

que a cevada maltada e o lúpulo,

faz nas suas vias sanguíneas,

gira com a vida mas só consegue carregar consigo,

dúvidas e dívidas contraídas

a longo e a médio prazo, sente-se livre

da urgência , tudo passa e tudo espera.

É o epicentro da estagnação .

Um dia lhe perguntaram para aonde ia tão apressado,

ao que ele respondeu , não sei ,

mas tenho que chegar logo e, dobrou na esquina.

By Lígia Beuttenmüller - Direitos Reservados

Crédito da Imagem - by Lígia Beuttenmüller

segunda-feira, 6 de outubro de 2008




A REDE QUE EMBALA

A dança das letras
Forma palavras
Guarda segredos
Tece sonhos
Em raros tons


São figuras de linguagem
Dúvidas desenhadas
Tatuadas com fogo e ferro
Nos punhos de uma rede


Os punhos se fecharam
Esmurraram
Os seis cantos da varanda
A linha tecida com esmero
Se rompe
Espalha tudo
As palavras, os sonhos, e os tons
O vento sudeste
Anuncia a morte
Pendurada no vazio
Entre a rede e a varanda...
Sem alarde


by Lígia Beuttenmuller Direitos Reservados
Créditos da Imagem - Google Imagens

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

VIVA A AMPULHETA!!!
Fiquei curiosa em qualificar semanticamente a palavra FOI, e me deparei com a constatação, de que geralmente , pouco se dá atenção ao estudo da significação, talvez por isso nos equivocamos com alguns posicionamentos diante da vida. Daí, concluí que para se reviver o passado, é preciso pensar no significado do quê um dia , por horas , ou eternamente ficou na lembrança. Ah!... Mas nem por isso esse retorno terá a força de perturbar o presente, pois o que seria do alemão tão temido – o Alzheimer? Se o que vale na palavra e no ato do tempo é de verdade o esquecimento?
É visceral “lembrar” que a lembrança é apenas a efígie do passado, e não pode, nem por força natural ou sobrenatural, permanecer no presente. O passado faz parte obviamente do que passou, e não temos por mais abençoados ou infames que sejamos, o poder , de aprisioná-lo ao agora. Mesmo que tenhamos instrumentos naturais ou artificiais , como dedos pinçadores, corações quebrantados, cordões umbilicais, conexão por fibras óticas com todos os megas e gigas possíveis, nada prende, o passado ao presente, nem que a gente insista em fossilizá-lo.
Remotamente, acionamos o botão de controle, e mesmo que imperiosamente a ciência una o dedo indicador ao mundo, há sempre o “raio” (que o parta) que secciona a plenitude do imutável. Nada está preso, nem se prende, por imposição ou decreto. A terra está solta, gira, mas não cai, ela se permitiu entrelaçar-se à gravidade, e constituiu uma parceria, com promessa: “não me derrube, não me deixe cair, por que eu não vou andar para trás, eu vou apenas girar, para ver outros mundos, porque necessito estar em movimento.
Sinceramente não sei se os ponteiros do relógio copiaram o movimento da terra ou os dois , terra e tempo fizeram um acordo de cavalheiro, de respeito mútuo, para girarem na mesma direção.E não há gravidez de futuro, se o passado não der passagem ao presente. O futuro nunca chegaria se ele mesmo não azeitasse as engrenagens do tempo.
Imagina , a gente ficar rodopiando em círculo, mas pra quê? A terra faz isso por nós e certamente, em 365 dias nada será como antes. O tempo é complacente porque sabe que se parar , ele próprio morre (e ele não é do signo de escorpião, gracias a la vida) , porque não é bom para ele nem prá ninguém que isso aconteça. Nós morremos, e morreremos fatidicamente , por over ou por abstinência , porém ele como um meteoro passa, só pressente a sua passagem, quem está olhando para o agora, e sabe como alargar os neurônios para dar-lhes asas e festejar o inesperado- o que ainda não sabemos- mas acreditamos que em algum lugar há o que se encontrar. Ah! Sabedoria infinda.
Os incautos dizem , me dê tempo, como se o tempo fosse bobo e parasse. A poesia, a filosofia e tantas outras formas de expressão do conhecimento universal, se impregnam dessa fortaleza chamada tempo, senão já teríamos morrido pela pertinência das doenças porque a ciência deixou de apostar nele, ou havíamos perecido no primeiro dilúvio por não acreditarmos que os pulmões são bolsas de ar. E não há como degladiar com essa força , porque na sua avidez , ele não pára, nem pode perder seu ritmo, para piedosamente acompanhar nossas tristezas, ou num ato de cumplicidade festejar nossas alegrias... Essas coisas um dia acabam, ele, nunca ! A minha tristeza dura o tempo que eu permitir, e minha vida será uma festa enquanto eu decidir olhar para o horizonte, e crer que o mundo não termina ali. Eu preciso enganar o tempo, para que ele não perceba que um amargor travou meu percurso, ou que a minha alegria embriagou a minha razão. E nesse equilíbrio semântico percebo com lucidez, que firmei com significação um trato que só
Mário Lago descreveu com precisão: “Eu fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: nem ele me persegue, nem eu fujo dele. Um dia a gente se encontra...”
Eu porém, evito esse encontro, não nego que engano o tempo enquanto eu puder!
Sei que o fim é inevitável, (não fora o “The End” da vida e dos filmes ) o FOI... me ajudou a dizer : FUI !!! e isso é abortar o futuro!
by Lígia Beuttenmüler -Direitos reservados
Crédito da Imagem : Google -imagens