segunda-feira, 6 de novembro de 2006

É noite, e cada vez que ouço o barulho de um carro, na minha rua, o meu coração dispara mais rápido que qualquer motor turbinado, e o som que escuto parece propulsor de ondas numa tempestade de fogo a circular nas minha veias. A lua se esconde por trás de uma explosão de milhões de fogos de artifício como se fora uma noite de S. João ou uma noite de reveillon na praia de Copacabana. E eu igual a uma adolescente apaixonada, espero que a cantora Alcione tenha razão em pedir numa canção “FAÇA UMA LOUCURA POR MIM” e que depois desse espetáculo pirotécnico “noiado” você surja como um cometa rasgando o céu. POR CAUSA DE QUÊ? Porque todos os carros que passavam ou pararam, eram da mesma cor e da marca do seu -todos dourados e da Wolkswagen- as outras marcas tornaram-se momentaneamente cúmplices da minha dor e se travestiram para acalmar a minha alma; até a placas foram clonadas da sua. De qualquer cor, faziam questão de resplandecer num dourado brilhante como a luz do sol, como se quisessem desafiar a noite e a minha tristeza. Fixei meu olhar em todos eles – nem pisquei- com o intuito de ferir os meus olhos, para que as lágrimas companheiras do agora derramassem, somente para dentro e lavassem a minha alma ( como a lavagem da Igreja do Sr. do Bonfim) antes que ela chegasse a enrijecer igual a couro de animal no curtume. Depois desse "banho", respiro fundo e me convenço, finalmente, que a vida não é só noite. O dia chega valente por ser novo de novo, deixando que a escuridão só impere quando ele desistir de acreditar que todo amanhã especial começa sempre com uma bela manhã.

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

A DOR QUE DÓI – dói por ser inexoravelmente solitária!


Todo sentimento tem parceria, você ama, gosta, odeia , sente saudade de alguém ou de alguma coisa e assim, constata que quase todas as emoções estão ligadas a uma outra pessoa ou a algum objeto, portanto tem parceria para se justificar inclusive poeticamente – Carlos Drummond de Andrade escreveu que “a dor é inevitável, o sofrimento é opcional-. Concordo, em parte, lógico, porque se não houvesse gente para discordar, o mundo seria tão insípido, que ninguém sofreria de “pressão arterial alta”, e o outro extremo, de tão doce levaria a “diabetes coletiva” e nesses parâmetros continuaríamos tão doces ou salgados que nem glicídios nem sódio iriam resolver nossas amarguras; mas a salvação poderia surgir num toque mágico da culinária: viraríamos “cocadinhas de sal” .
Bom, tento nessa abordagem fazer valer meu conceito de que todos os sentimentos estão direcionados a alguém ou a alguma coisa, no entanto a dor ao invés de ter parceria, é o único sentimento solitário em mim e em qualquer pessoa consciente da sua individualidade, pois a minha dor é minha , ocasionada por alguém ou por alguma coisa, mas persisto em dizer num egoísmo emocional , que ela é só minha, pois mesmo que alguém tente minimiza-la, somente eu estou a senti-la, e aí nesse aspecto concordo com o grande poeta, o sofrimento causado por qualquer dor, permanece à medida que eu permito. Mas como não permitir? Certamente o tempo me fará rir desse choro, quando outras dores ou outros amores me fizeram crer : por esta mais não, basta!!!.
Como posso evitar que a minha verdade, hoje, seja negada simplesmente pelo fato de não saber aonde esconder essa dor? Mascarar dói, dói tanto quanto expor.
Meu único consolo é acreditar que “ a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”, bendito sejas, DRUMMOND.

Admito e reitero que a dor pode vir de alguém ou de alguma coisa, no entanto só eu posso senti-la em sua dimensão maior, numa solidão ( in)explicável; a resposta? Ora, está na própria dor. UFA!!!!

terça-feira, 10 de outubro de 2006








"KREMLIN"



-Djavan inicia a música TOPÁZIO com esta palavra -

Kremlin, Berlim
Só pra te ver
E poder rir
Luzes, jasmim
Meu coração, vaso quebrado
Ilusão, fugir
Da fronteira de topázio e lã
Vou até rubi
Sedução
Poder sonhar
Estupidez
Você arrasa
E me arrasou
Só pra anoitecer
O que é escuro
Ninguém me beijou
Mais puro
Tô lembrando de você
Uma vez...Kremlin, Berlim
Pra não dizer Telaviv
Ilusão
Fugir de mim.

Há tempos ouvi, hoje senti.
Como é interessante escutar a mesma música e nela perceber que luvas não servem somente para as mãos, existem outras que servem tão bem - também- para a alma quando ela está desnuda.As circuntâncias visuais me fizeram vesti-las para tornar-me "KREMLIN".
Reconheci, forçadamente, é claro, que existe uma linha tênue que separa a ilusão, da fuga.

Ainda bem que a ruptura aconteceu, senão eu teria que continuar a ser um equilibrista num circo -círculo- sem espetáculo; treinando infinitamente . Seria então, meu destino cambalear a cada amanhecer e esperar, ciclicamente, que a noite chegasse para manter-me numa corda bamba, precisamente bamba? Notei de lá , que se ainda por instinto de sobrevivência, eu tentasse, descer ao chão certamente correria o risco de pisar em terreno minado -TELAVIV- o que fatalmente deixaria a minha alma em pedaços.
E isso seria irremediável !!!
Como na música, só meu coração despedaçou, mas a minha alma voa livre agora, não em busca de ALMA GÊMEA, mas de uma outra alma tão inteira quanto a minha. E ainda que eu tenha que colar os pedaços do meu coração, que eu olhe, simples e fortemente para um outro coração que estando também (ou não) em frangalhos, tenha como eu a ALMA INTACTA.


1- Em tempo, Kremlin é uma palavra russa que significa FORTALEZA, e que a força seja tão valente como a dor no amor!!!

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

QUANDO OS OPOSTOS NÃO SE ATRAEM

*Crônica do Amor * *Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. *
Custo a crer que essa frase venha de um texto de Jabor, mas... há gostos e conceitos para tudo e todos.
Esses não fumantes, honestos e simpáticos, não têm direito à escolha? São os eternos "coitadinhos solitários? Talvez os que não estejam nessa fila, saltitem em outras estações, por acharem que só os opostos se atraem.
Certamente nessa crônica ele não quis falar de amor , não de um amor verdadeiro que arrebata sem nos tirar do chão, não do amor que nos enlouquece , mas nem por isso perdemos o juizo, não daquele amor que nos mata de saudade, mas mesmo assim permanecemos vivos acreditando no encontro. Naturalmente não se referiu àquele amor que nos curva para a ajuda premente, nem para o amor que necessita do outro para ser alimentado, não falou daquele amor que brinca e sorri na hora do sexo, penso que ele equivocou-se até no título, que seria mais tragável se fosse chamado de CRÔNICA DO SEXO, por que noutro trecho ele se refere*Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo. *
Alguma mulher ou algum homem amaria verdadeiramente alguém assim? Estou fora de forma, estou fora mesmo. E nem ligo para isso, sou diferente, mas não única, pois tenho certeza que alguém em algum lugar pensa como eu, e como o mundo é redondo, numa das voltas que ele dê, eu esbarre em alguém que não precise ser tão oposto para desencadear em nós, uma atração e um grande amor .
Vivo o amor que se encanta e que tem a clareza de se desencantar porque descobre que o reluzente não era ouro, era somente a luz do sol que batia numa vidraça e resplandecia para quem estava por perto. Equívoco de percepção.