sábado, 23 de julho de 2011

DESPERTAR... ENFIM, O FIM.


Despertei do sonho com sede de beber na ponta da frase, suspirar nas entrelinhas e descobrir o tudo dentro nada. Vasculho o verbo, arrasto a vírgula esticando-a para rompe-la em pequenos pedaços até virar reticência. Pausadamente sorvo a vida, construo um compasso , devoro o sabor, metabolizo o poema, me encho de vida. Sou infinda, sinto-me infinita.


Texto : Lígia Beuttenmüller
Imagem: Google Imagens
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CONECTO O CONVEXO


Olhando para o céu procuro a lua, em qualquer fase, ela é minha referencia de luz noturna, natural. Celebro as nuvens, reverencio as estrelas, e aguardo amorosamente o dia, que só nasce quando a noite for dormir.O silêncio preenche o vazio, e dão-se as mãos . Inertes assim permitem que tudo se encaixe.  Basta meu travesseiro e seu ombro, pernas entrelaçadas e o corpo em concha. O côncavo nos faz dormir com nexo, depois do sexo.


Texto e Imagem : Lígia Beuttenmüller
Direitos Autorais Reservados










AQUELA NOITE




Era aquela noite em que a gente se sente só. A luz trêmula se impõe . O peito se expande e se comprime. O suor escorre molhando os silêncios e os bichos de pelúcia, sem respeitar, o ar frio do ambiente. No quarto escuro das lembranças, a moldura se torna a janela para o mundo no qual me debruço e um raio de sol lava meus olhos que de tanto te procurar cansou a retina. A cegueira me tornou incapaz de ver as borboletas , de esperá-las em meu jardim. A poesia calou-se por um tempo , ficou muda , desprevenida, nem era inverno e a noite ficou assim. O dia está de volta, ainda bem que não era tarde demais para me pegares no colo.

Texto e Imagem : Lígia Beuttenmüller

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terça-feira, 19 de julho de 2011

AURORA BOREAL:PALAVRAS , PAPEL E SONHOS

Escrevo por necessidade, as palavras precisam desnudar e vestir a minha alma. Olho as estrelas no céu, e desenho palavras até que amanheça. O sol brilha e traz sombras aos meus versos que versam, bailam sobre o papel, dão cor e sabor ao vento que grita mansamente. Expulsa aquele amor antigo para  permitir a entrada do novo de novo que se transforma em rima e rema contra as altas da maré. O mar não perde seu ritmo, e deixa a bruma deslizar até se incrustar na areia. Assim, as palavras se corporificam, brincam de esconde-esconde para se expandir na esquina. Passa o tempo e num passatempo troca de assunto e murmura. A distância se torna pausa na praça, acende a luz da rua e nua enche o vazio. E num espasmo uteral celebra a vida, que renasce no papel que é ferido pelas palavras que  embrulham sonhos.

Imagem e Texto: Lígia Beuttenmüller