SOLIDÃO ACOMPANHADA
Há muito tempo não acontecia na vida dele, nenhum acontecimento especial que desse uma guinada na sua existência, mas tudo sinalizava que ele estava em fase de desamor pelo mundo . Talvez por opção ou desencanto, não se sabe.
Vivia curtindo sua solidão, acompanhado de si mesmo, e de tão só, havia momentos extremos que nem ele estava consigo.
Era a fuga existencial que o separava da multidão, e coexistia no seu próprio eu. Havia gente demais para pouco espaço. Vivia assim, dentro de muros inalcansáveis, porém visitava diuturnamente seus próprios porões mesmo andando a ermo dentro de si.
Vivia curtindo sua solidão, acompanhado de si mesmo, e de tão só, havia momentos extremos que nem ele estava consigo.
Era a fuga existencial que o separava da multidão, e coexistia no seu próprio eu. Havia gente demais para pouco espaço. Vivia assim, dentro de muros inalcansáveis, porém visitava diuturnamente seus próprios porões mesmo andando a ermo dentro de si.
Do lado de fora, só dava chance ao sol, que entrara por uma brechinha da sua carteira -havia instalado em casa uma sala de bronzeamento artificial .
Sem sair do seu reduto, ia ao Louvre ou a qualquer lugar, visitava as salas de exposição do museu, em especial as antiquités grecques, étrusques et romaines, e se encantava com as esculturas gregas situadas no sótão. As cerâmicas e os bronzes no 1º andar, chamavam a sua atenção.
Passava horas, olhando os objetos, procurando neles as raízes da sua inércia interior. Buscava companhia , como se aquelas peças pudessem ganhar vida.
Mas nem por isso se angustiava, tornara-se assumidamente nômade virtual e - ao click do mouse – o “ratinho” lhe levava para aonde ele quisesse, era disciplinado, para atender os seus anseios.
A cada investida, seu GPS mental localizava rapidamente seus interesses, indicava rotas, assim, sentia-se mais confiante e pronto para novas incursões virtuais.
Entre intervalos se perguntava, quem ou o quê seria o amor da sua vida e de imediato, olhava (alegremente ) no espelho, porque gostava poeticamente da sombra da sua própria ausência.
by Lígia Beuttenmüller
Créditos de Imagem - Lígia Beuttenmüller
Entre intervalos se perguntava, quem ou o quê seria o amor da sua vida e de imediato, olhava (alegremente ) no espelho, porque gostava poeticamente da sombra da sua própria ausência.
by Lígia Beuttenmüller
Créditos de Imagem - Lígia Beuttenmüller
Um comentário:
"gostava poeticamente da sombra da sua própria ausência."... muito forte essa frase...
engraçado.... vc, mesmo sem querer, retrata nossos sentimentos....acho isso muito interessante....essa análise do ser humano...sempre com muito carinho... Continue assim...
Carinhosamente...bjs no coração!
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