A BAILARINA SE RECUSOU A DANÇAR
Na minha infância, ganhei uma caixa para guardar joias, embora eu não as tivesse. Dentro dela havia uma guardiã, uma bailarina. 
Bastava abrir a caixinha e dar corda para a dançarina despertar. Ai ela girava , girava , girava ao som de uma melodia.
Bastava abrir a caixinha e dar corda para a dançarina despertar. Ai ela girava , girava , girava ao som de uma melodia.
Não entendia direito qual o mecanismo que a fazia rodar , me contentava em observar sua dança estática, composta de rodopios. 
Enquanto ela girava , eu deslizava, patinava e voava com os meus pensamentos. 
Todos os dias eu a fazia dançar para mim, com a certeza que o espetáculo nunca iria terminar. Ledo engano. 
Um dia a dançarina não quis mais dançar. A corda quebrou e eu não acordei. 
Por anos vivi da sua lembrança, cultivando saudades assim. 
Hoje, tomo uma taça de vinho e com a respiração presa, fecho os olhos, abro os ouvidos. 
Busco-a pacientemente nas minhas memórias e me vejo esperando que ela volte a dançar, para poder desejar-lhe boa noite.
Texto e imagem - Lígia Beuttenmüller

Nenhum comentário:
Postar um comentário