terça-feira, 26 de agosto de 2008



NOSSAS MADRUGADAS


Ultimamente, as madrugadas parecem acabar mais depressa, então eu penso, porque o tempo não respeita os amantes, nem atende a voz do desejo, que pede amorosamente a ele: por favor, pare... Conceda-nos o impossível, cristalize o momento, permita que a eternidade se imponha?
Mas que nada! Ele vai saindo, manhoso na pressa de converter o presente em passado, e deixa ardilosamente a saudade em seu lugar. Somente a possibilidade do futuro consegue minimizar a partida. Ah! Mas o amanhecer traz consigo (em flash), as imagens, e os sons do prazer que fez o pulsar do amor e da vida. Agora, o corpo, depois do descanso merecido, acorda conservando ainda o calor “morno” da noite “caliente”, querendo e desejando que o dia voe na velocidade da luz, que a madrugada se apresse em chegar novamente, para ser a estrela da noite, e entre em cena, trêmula como se fosse, o seu primeiro espetáculo.

domingo, 24 de agosto de 2008




KIBON(M) SEM SER SORVANE

Ah! Como é bom sentir o sabor de fruta madura,do cheiro de madrugada insone , incrustada , na rede, na cama, no corpo. E mesmo sabendo que o amor se vai e se esvai, a gente se contagia de saudade que dói, e enlouquece, não sei se é porque ela é contundente ou porque abençoadamente somos sem juízo. Mas a gente não quer sentir essa saudade , que martela como pingo de torneira, e nos torna assassinos sem provas, unicamente porque sentimos vontade de matar a ausência com um simples gesto , apenas conseguindo chegar ao encontro. Não na hora marcada, mas na hora esperada. O corpo grita, a mente chama e a razão diz sim e não, é um tumulto interno, tão intenso que disfarçamos nossos anseios, encobrimos a paixão, e desejando sem controle, nos cobrimos de segredos, trancamos todas as portas, escondemos as chaves, mas invariavelmente esquecemos de travar as janelas.
Então, mesmo estando inteiros , nos sentimos incompletos e despedaçados, colocamos no objeto amado todas as possibilidades de completude, mudamos internamente, alargamos nossa solidão, até achar que o ar comprimiu, que devastamos totalmente a Amazônia , e não só o pulmão do mundo morreu, nós morremos também.
É difícil imaginar qualquer coisa, sem o olhar do outro, nos arrependemos de não ter aprendido Braille, para decifrar as artemanhas do amor que é cego e nos cega. Nos culpamos como boxeador que sabe que perdeu porque abriu a guarda, mas não aprendemos a dureza da insensibilidade , derretemos feito chocolate numa boca quente, apostamos no que era para ser apenas uma forma teimosa de insistir.
Mesmo que as cartas não decidam o jogo porque há greves de carteiros, que as mensagens eletrônicas não passem no crivo do farewell , e que a permanência virtual não encontre as fibras ópticas de um olhar, arriscamos ridiculamente: não dá para sermos cúmplices ao menos numa “casquinha” com sorvete?

segunda-feira, 18 de agosto de 2008


O TEMPO DAS ROSAS E DA FLOR DA PELE


Estou retomando minhas loucuras literárias depois de algum tempo afastada, e me vejo refletindo sobre essa ausência e descubro que o tempo- não dá tempo a quem não o organiza . Tento aprisionar o meu tempo, e aproveito o que ele tem de melhor: O ACOLHER OU ABANDONAR . Priorizo todas as coisas que no momento são muito importantes para a minha paz e o meu contentamento. Nessa análise compreendo o quanto o tempo está impregnando o meu leque de decisões. Acho (porque sou expert na ciência do “achismo”) que registro o que encontro – detalhe: sempre encontro o que estou buscando por isso , EURECA é o que sinto à flor da pele . Escolho minhas veredas e meus caminhos pseudo-tortuosos , mas sempre vou para algum lugar, para alguma coisa ou para alguém, sem perder a minha própria trilha. Percebo que não tenho que fazer muitos ou nenhum retorno, sigo em frente como seta reta de trânsito ou flecha de índio, vou e chego, permaneço, ou sumo e desapareço, principalmente se a permanência independe de mim, então deixo que o tempo faça viável a possibilidade da infinidade ou do esquecimento.
Quando comigo mesma, espalho rosas na linha do tempo, porque eu decido e comando os meus conflitos existenciais, atraso ou adianto meus encontros com a vida , deixo-os atrelados aos meus sonhos ou os despenco abismo abaixo. Quem azeita minhas asas e me faz mais veloz? A rosa ou a flor da pele? Voar para o quê e para aonde? Ao encontro ou a despedida? Não me preocupo , eu não uso relógio, SOU SEM (N) HORA, embora o improvável me faça grandes surpresas .