segunda-feira, 27 de abril de 2009

A VIDA É ÍNTIMA, ÍNFIMA (?) E PARTICULAR



A minha sede está na proporção do copo d'água; acabou a água, penso em limão, a sede passa! Lígia Beuttenmüller


A nossa capacidade de agir, advém da nossa capacidade de pensar, porque o pensamento é a possibilidade de sobrepujarmos as adversidades ou festejarmos na alma as vitórias.

Uma pessoa pensante, é aquela que questiona introspectivamente; é aquela que vive digladiando-se com as dúvidas e certezas, que consegue colocar a mão no queixo e olhar para os pés , por isso consegue ver aonde pisa. Porém, há pessoas que colocam a mão no queixo e só espantam-se e morrem pelo medo. No entanto os que põem a mão no queixo e olham onde os pés estão plantados, naturalmente querem saber em que terreno pisa.
Os que ficam esbarrando nos dois parâmetros: ora...ora, ou se ...se... Podem perder-se enquanto o mundo gira.

O pensador se encanta e encanta. Ele tira a volatilidade da palavra quando a retira da cabeça, expõe no discurso , registra no escrito , planeja e age.
Do outro lado estão os queixosos que transferem para a natureza, Deus, condições financeiras, sei lá o quê, seus infortúnios. Exigem da vida um compromisso de alerta, a sinalização das oportunidades, - essa é a tônica dos desesperados, no entanto teriam alcançado seus sonhos se criassem a competência do reconhecimento, do discernimento do que por vezes parecia estar tão distante, na realidade estava tão perto(dentro) de si.
Mas há ainda os que consideram que, se tivessem reconhecido as oportunidades , não seriam um contador das histórias dos outros, - estariam contando as suas próprias histórias-, não estariam hoje lendo o script que lhes foi dado por um autor que não sabia nada sobre sua vida.
Há ainda os que conseguem dar um rewind para alcançar o passado, voltam a fita tantas vezes seja necessário para entender o desenrolar das suas vidas e geralmente não conseguem.
É difícil mesmo, assumir que a chegada não deu certo porque direcionamos o olhar para um outdoor que exerceu tanta fascinação que desviamos a atenção para a rota que havíamos traçado.
Mas como se pode chegar a algum lugar se ao menos nem sabemos, com quem, porque, para que, e para aonde vamos? Dificilmente conseguiremos traçar uma rota para tantas vertentes.
Nesse momento, é mais fácil mesmo, culpar a sorte e o destino, do que entender que as nossas decisões são o reflexo dos nossos desejos, dos nossos caminhos, do nosso percurso , do nosso caminhar.
Viajamos pela vida afora e em muitas dessas viagens, nos interessamos apenas pelo local escolhido, esquecemos de planejar o percurso. Fazemos o que nos parece mais fácil, e nem percebemos que a rota foi deixada no automático, permitindo que outras pessoas, direcionassem o vôo .
Ah não! A vida é íntima, ínfima (?) e particular, nascemos sós - os gêmeos são exceção- morremos sós - os acidentes coletivos também são exceção- assim a solidão de cada um na vida ou na morte será sempre , naturalmente só.
Portanto, quando o copo esvaziar, e a sede insistir em permanecer, decida se quer lavar as calçadas por onde passou e refazer sua direção, ou se exasperar, com a água, tão salgada como a água do mar, porque o sabor salino virá das lágrimas que você “imbecilmente” decidiu inundar a sua alma.


Imagem : Google imagens
Texto : Lígia Beuttenmüller
Direitos reservados