sábado, 7 de agosto de 2010

A TRISTEZA DA DÚVIDA


A cada dia qualquer despedida tem cara de adeus,
mesmo que a vontade dê a certeza de um até daqui a pouco .
O até logo sempre nos silencia e rigorosamente despenca naquela ansiedade inquietante até chegar o próximo encontro.
Qualquer demora entre a hora marcada e o tempo de espera concretam a inquietude.
Nesse intervalo as justificativas da demora vão do esquecimento à aflição de um problema mais sério que possa quebrar o ritmo estabelecido desde o primeiro olhar.
Assim, esperar, seja o que for abala qualquer esperança e desestrutura a carruagem de fogo que tenta atravessar savanas e desertos.
Pouco sabe-se sobre os laços invisíveis que nos ligam ou nos separam,
nunca sabemos quando o nó permanece nos prendendo ou se numa viela ou avenida alguém vai despertar novo interesse e mostrar outra razão, outro motivo para mudar de rumo.
Nesse instante é melhor fechar os olhos e adormecer ouvindo
a doce voz selada em segredo da última vez que cada pedaço se uniu, para não permitir que a tristeza enraíze a dúvida, ou a dúvida faça nascer a tristeza, isso, é essencial.
É bem melhor pular essa parte, e viver o agora na medida em que se consegue ser feliz .
Se é para perder, que seja para depois de conserguirmos algum ganho, ao menos a intuição de que a felicidade esteve entre nós, e permeiou nosso corpo, nossa cama, como uma fita acetinada que amarrou pacotes de presentes recebidos na infância.
Agora, embora os sonhos tenham inúmeros significados, nem sempre é tão dolorido ter que acordar, mas , às vezes é melhor pular essa parte também.


TEXTO E IMAGEM : Lígia Beuttenmüller

2 comentários:

Anônimo disse...

"...O até logo sempre nos silencia e rigorosamente despenca naquela ansiedade inquietante até chegar o próximo encontro. ...Assim, esperar, seja o que for abala qualquer esperança e desestrutura a carruagem de fogo que tenta atravessar savanas e desertos..."
O RESTO DO TEXTO É CONSEQUÊNCIA DA LONGA DISTÂNCIA DE CÉU E MAR.......rsrs

olga disse...

Lígia
Não existe distância que o coração não seja capaz de superá-la. Existe,sim, o medo que é inerente aos mortais,,,que são medrosos e não se deixam permitir.
Por isso, toda vez que vc pensar num adeus, ou num simples acordar,,,lembre-se também das infinitas vezes que alguém lhe pediu para ficar em seu coração
bjs
olga