quarta-feira, 29 de outubro de 2008
MINUTO-LUZ
E falando em giros penso na medida do tempo quando me dizem, ou eu mesma digo "um minuto" seja ao telefone, no MSN ou pessoalmente numa pausa durante uma conversa.
Talvez agora seja mais compreensível aceitar uma ausência de 1 minuto , se converto esse compasso de espera em anos- luz. Agora sei que não é um minuto que nos separa, mas quilômetros estão entre nós, por isso compreendo porque você demora tanto p'ra voltar.
By Lígia Beuttenmüller
Créditos de imagem Wikpedia
domingo, 26 de outubro de 2008
Kuwait x Kuait
Ele estava passeando pela praia quando chutou algo, era uma lata de Kuait, e foi remetido ao emirado árabe, relembrou fielmente as informações das aulas de Geografia ...é um pequeno país do Oriente Médio, com limites ao norte e oeste pelo Iraque, no leste pelo Golfo Pérsico, e ao sul pela Arábia Saudita ... Que interessante, estar numa praia ensolarada e vir isso à sua cabeça. Riu ao constatar o poder de armazenamento de suas lembranças. Segurou a lata e uma lembrança mais recente aflorou: a propaganda do refigerante brasileiro cuja campanha instiga as pessoas num metrô a encarar a vida com uma alegria sonora que contagia a todos, lembrou também de um outro comercial , do mesmo produto , cuja frase estimula as mudanças internas e externas : “ se a gente muda, a arte muda (referindo-se ao grafitismo em S.P), o mundo muda”. Sentou-se num barzinho, ficou pensativo e pediu uma Coca-Cola; sabia que o efeito de um refrigerante é apenas “refrigerante”. Mudar o quê ? Mudar p'ra quê? Mudar por quê? Ora, foi apenas um chute numa lata.
Crédito da imagem http://heresmitta.ig.com.br/
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
ACORDOU TARDE, ESPREGUIÇOU-SE COMO NUNCA MAIS HAVIA FEITO, VIROU-SE PARA O LADO, OLHOU O SOL FAZENDO SOMBRA EM SEUS PÉS. Riu para o despertador, zombou do tempo, do trabalho, do trânsito, da secretária, do almoço executivo, do elevador, do patrão. Era só risos. Imaginou o café, o chocolate, a coca-cola, o cigarrro (o pior rsrsr), ligou o som e coincidentemente estava lá “ My Way”, numa sonoridade “Sinatriana” e agradeceu de forma subliminar, a programação da rádio local, por ter lhe dado de presente essa trilha sonora para o início de suas férias. Desligou o celular e não ligou a TV. Queria apenas saborear a chance de ser "avulsa" por trinta dias para decidir aonde ir ou estar, de falar ou calar, de sentir ou “adormecer”, de sorrir ou chorar , de partir ou ficar. Estava tudo sob controle real. Tinha um mês para se sentir desvencilhada de compromissos , obrigações . Queria revirar gavetas, rasgar contratos e cartas que já não tinham valor. Sentia vontade de excluir, exorcizar-se das tralhas e traças. Queria fazer tudo isso num tempo sem tempo. O dia passou lento como se os ponteiros fossem cúmplices da sua liberdade. A vida parecia parada e enclausurada no seu quarto. Tudo esperava o seu comando.
Anoiteceu, contou estrelas, convidou a lua, pra adentrar, abriu escancaradamente as janelas e as cortinas . Brindou o luar com uma taça de vinho sem preço, só pelo prazer e pelo sabor, naum era Hermitage La Chapelle 1961, nem um Château Mouton-Rothschild 1982, era um vinho sem marca comercial, mas tinha um valor emocional inquestionável, guardado por anos a fio , para um dia especial como aquele, iniciado do seu jeito , do seu melhor jeito de ser feliz.
domingo, 12 de outubro de 2008
Vivia curtindo sua solidão, acompanhado de si mesmo, e de tão só, havia momentos extremos que nem ele estava consigo.
Era a fuga existencial que o separava da multidão, e coexistia no seu próprio eu. Havia gente demais para pouco espaço. Vivia assim, dentro de muros inalcansáveis, porém visitava diuturnamente seus próprios porões mesmo andando a ermo dentro de si.
Entre intervalos se perguntava, quem ou o quê seria o amor da sua vida e de imediato, olhava (alegremente ) no espelho, porque gostava poeticamente da sombra da sua própria ausência.
by Lígia Beuttenmüller
Créditos de Imagem - Lígia Beuttenmüller
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Ele chega em casa e em qualquer lugar,
com cara de satisfeito,
satisfeito com uma vida medíocre,
pincelada pela menor parte do muito.
E quem o conhece sabe que ele não embala sonhos,
vive da dura realidade que ele próprio criou.
Não arrisca, não aposta , não começa , nem termina,
mas teima com tudo , com todos e com ninguém.
Tem uma vida inóspita para a felicidade,
sem choro, nem risos , nem explicações.
Detesta dar satisfações , inclusive a ele próprio para
não desequilibrar o que ele considera ser uma
atitude segura e indolor.
Bebe uma cerveja dourada e redonda ,
perde-se na viagem
que a cevada maltada e o lúpulo,
faz nas suas vias sanguíneas,
gira com a vida mas só consegue carregar consigo,
dúvidas e dívidas contraídas
a longo e a médio prazo, sente-se livre
da urgência , tudo passa e tudo espera.
É o epicentro da estagnação .
Um dia lhe perguntaram para aonde ia tão apressado,
ao que ele respondeu , não sei ,
mas tenho que chegar logo e, dobrou na esquina.
By Lígia Beuttenmüller - Direitos Reservados
Crédito da Imagem - by Lígia Beuttenmüller
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Os punhos se fecharam
Sem alarde
by Lígia Beuttenmuller Direitos Reservados
Créditos da Imagem - Google Imagens
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
É visceral “lembrar” que a lembrança é apenas a efígie do passado, e não pode, nem por força natural ou sobrenatural, permanecer no presente. O passado faz parte obviamente do que passou, e não temos por mais abençoados ou infames que sejamos, o poder , de aprisioná-lo ao agora. Mesmo que tenhamos instrumentos naturais ou artificiais , como dedos pinçadores, corações quebrantados, cordões umbilicais, conexão por fibras óticas com todos os megas e gigas possíveis, nada prende, o passado ao presente, nem que a gente insista em fossilizá-lo.
Remotamente, acionamos o botão de controle, e mesmo que imperiosamente a ciência una o dedo indicador ao mundo, há sempre o “raio” (que o parta) que secciona a plenitude do imutável. Nada está preso, nem se prende, por imposição ou decreto. A terra está solta, gira, mas não cai, ela se permitiu entrelaçar-se à gravidade, e constituiu uma parceria, com promessa: “não me derrube, não me deixe cair, por que eu não vou andar para trás, eu vou apenas girar, para ver outros mundos, porque necessito estar em movimento.
Sinceramente não sei se os ponteiros do relógio copiaram o movimento da terra ou os dois , terra e tempo fizeram um acordo de cavalheiro, de respeito mútuo, para girarem na mesma direção.E não há gravidez de futuro, se o passado não der passagem ao presente. O futuro nunca chegaria se ele mesmo não azeitasse as engrenagens do tempo.
Imagina , a gente ficar rodopiando em círculo, mas pra quê? A terra faz isso por nós e certamente, em 365 dias nada será como antes. O tempo é complacente porque sabe que se parar , ele próprio morre (e ele não é do signo de escorpião, gracias a la vida) , porque não é bom para ele nem prá ninguém que isso aconteça. Nós morremos, e morreremos fatidicamente , por over ou por abstinência , porém ele como um meteoro passa, só pressente a sua passagem, quem está olhando para o agora, e sabe como alargar os neurônios para dar-lhes asas e festejar o inesperado- o que ainda não sabemos- mas acreditamos que em algum lugar há o que se encontrar. Ah! Sabedoria infinda.
Os incautos dizem , me dê tempo, como se o tempo fosse bobo e parasse. A poesia, a filosofia e tantas outras formas de expressão do conhecimento universal, se impregnam dessa fortaleza chamada tempo, senão já teríamos morrido pela pertinência das doenças porque a ciência deixou de apostar nele, ou havíamos perecido no primeiro dilúvio por não acreditarmos que os pulmões são bolsas de ar. E não há como degladiar com essa força , porque na sua avidez , ele não pára, nem pode perder seu ritmo, para piedosamente acompanhar nossas tristezas, ou num ato de cumplicidade festejar nossas alegrias... Essas coisas um dia acabam, ele, nunca ! A minha tristeza dura o tempo que eu permitir, e minha vida será uma festa enquanto eu decidir olhar para o horizonte, e crer que o mundo não termina ali. Eu preciso enganar o tempo, para que ele não perceba que um amargor travou meu percurso, ou que a minha alegria embriagou a minha razão. E nesse equilíbrio semântico percebo com lucidez, que firmei com significação um trato que só Mário Lago descreveu com precisão: “Eu fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: nem ele me persegue, nem eu fujo dele. Um dia a gente se encontra...”
Sei que o fim é inevitável, (não fora o “The End” da vida e dos filmes ) o FOI... me ajudou a dizer : FUI !!! e isso é abortar o futuro!