O tempo misteriosamente poético, se mostra nesse entardecer, como se a festa houvesse apenas começado. Parece que a natureza se predispõe a ser romântica. Assim, serpenteando a distância Joga estrelas sobre as ondas. Eu então, mergulho no crepúsculo Intimo a brisa para acalmar os vendavais E estampar o amanhã com estrelas para confundir os desatentos. Mas aos anjos deixarei que se aproximem da minha alma que tem andado ao relento e às vezes ao vento, transbordante de amor e de paixão. Nas noites solitárias tenho a tua companhia e no relampejo das palavras ditas ao ouvido deixo encharcar o meu corpo e arrepiar minha pele. Meu coração se transmuda para ser borboleta ou girassol Tudo isso me preenche com o infinito e nada mais. CRÉDITOS MÚSICA: Fagner -- Borbulhas de Amor TEXTO: LÍGIA BEUTTENMÜLLER
A lua cochicha segredos com as estrelas devem estar preparando banquetes para os apaixonados O tempo arranha as últimas horas
De uma madrugada infinda E com sorrisos e acenos Escolhe um blues, ou um jazz, para dar requinte à trilha sonora. Um bom vinho regará as palavras que ornamentarão o começo de desejos e sonhos
os toques serão suaves no emaranhado de flores e arco-íris se despedindo da saudade. Lamberão as nuvens pixarão o sentido da felicidade nos muros da cidade. E nos tetos envidraçados as estrelas e a lua apresentam um raro espetáculo como se o céu fosse uma imensa tela de cinema em 3 D, E num disfarce a face rubra Segue o caminho do meu desejo Sai da minha cama devagarzinho Para cair abruptamente no teu querer A ambivalência dos pés viajantes não me dizem aonde estão agora Mas sei por onde andam. CRÉDITOS MÚSICA : GRACIAS A LA VIDA -MERCEDES SOZA TEXTO :LÍGIA BEUTTENMÜLLER
Hoje acordei com a sensação de revivência De poder ilimitado sobre as coisas, no sentido de revirar o mundo, sem catar-lhe os pedaços deixá-lo apenas cair para depois se der, juntar os fragmentos. Passar páginas, desocupar gavetas e dar de pernas pelas esquinas da vida. Queimar o ridículo e festejar conquistas com a intensidade do novo de novo. Pegar páginas em branco e escrever, escrever sem bordar letras , nem pintar espaços mas insinuar e incitar romantismo como se estivesse compondo uma sinfonia. A sensibilidade aflora do coração às mãos E me conduz para bem longe do óbvio. Acredito no imensurável, no inesgotável. E gosto, gosto de estar assim, de asas lubrificadas para alçar vôo sem a banalidade de outrora. E sem rumo e sem rota desbravar o infinito, o desconhecido, mas inevitável, sem me preocupar com inflexões e reflexões Deixar, ao menos hoje que a deriva, deslize e me conduza, que a sabedoria e a sensatez, descansem E eu atravesse caminhos, Corra risco, risque o espaço, atravesse nuvens e sinta que o fim é uma trilha do recomeço, é bela e incerta, nada mais que um novo começo. Os meus olhos brilham , e o meu coração se apazigua com a leveza de plumas, sentenciado e condenado que está, a ser feliz.
Música : Ivan Lins e Simone Texto : Lígia Beuttenmüller
Aquela música voltou a tocar é uma cantiga de ninar para acordar e não fazer dormir A vida Se abriga no sofá macio, na cama larga Novos minutos seguem o tempo No provável, os improvisos abrem novos risos, diante das surpresas. Outras mensagens de amor dão sabor à loucura Entram na pele, caminham entre montanhas , estradas e lagos. O coração de novo aperta, não mais de medo ou dúvida, Agora o aperto, é um abraço, é um laço, que não corta nem sangra.
Depois de assistir o show de Bethania, comecei a sentir falta de músicas assim, casadas com a qualidade de letra e melodia. Gosto de acordes sonoros que lembram viagens celestiais, sem cair no Gospel, músicas que transportam a alma, e que a letra conte histórias verossímeis, que foge da ficção e da banalidade tão comum nos tempos de hoje. Ainda bem que o Chico Buarque ainda vive.
As que trazem à alma a sua humanidade, que nos fazem homens-anjos. Que nos dê a dimensão de que a vida é o somatório das nossas decisões atreladas aos nossos desejos e sonhos, além de suscitar em nós que é um dever ser feliz, embora saibamos que esse estado não tem governo , nem hora para se estabelecer, mas tem dignidade para terminar.
Na música Resposta ao tempo tem uma frase intensamente filosófica: "Os amores terminam no escuro”
Bom, terminam no escuro quando a relação não foi construída às claras, quando alguém se acovarda e não assume que o “sempre” escrito no verso de uma fotografia - roubada- não significava necessariamente o eterno, quando não se tem a clareza da decência, que é uma virtude de poucos.
Que terminar um relacionamento não é o fim, é apenas a possibilidade de um novo começo, e não de um recomeço. É convir que a Microsoft , não está nem ai, na concorrência da conspiração astral, e diferente de nós, como fracos mortais, não dispõe de um software que mascare a verdade. A rede não depende do falho serviço sedex, mas tem a fidelidade do Call Filter, que dispensa a chamada indesejada. As fibras óticas são subservientes aos seus usuários, e honestas, sempre avisam a quem envia, se a mensagem não chegou ao destinatário,
Portanto, que as músicas se eternizem naqueles que valorizam o binômio menino – deus, e creem que no humano há um pedaço divino, aquele que nos faz amar.
Eis a diferença que nos torna diferentes.
CREDITOS DE MÚSICA :Nana Caymmi - Você Não Sabe Amar.
De novo, nascendo, a vida chega vinda de outro coração de outro modo, do mesmo jeito querendo, sonhando, desejando. Com cheiro de mistério vem vestida de cachecol, para aquecer a minha alma porque sabe que o meu corpo nu, ainda, ainda sente frio. Diz que o seu amor, quer em mim fazer moradia. Escancaro as portas do meu coração lacerado para que nos sirva de abrigo E fecho novamente as possibilidades para o mundo.
MÚSICA : EXPLODE CORAÇÃO- MARIA BETHANIA TEXTO: LÍGIA BEUTTENMÜLLER
Quantas cores tem o beijo de adeus? Quais notas musicais tem uma canção de despedida? Como o dia pode explodir em branco, se trazia um arco-iris na bagagem? E o olhar para aonde desviou sua atenção? Que alma de fogo, perdeu-se nesse olhar? Inquietações provam que na vida nada é permanente. Tudo é uma ponte entre o que se vai e o que há de vir. Passar por ela e seguir em frente, é crer que bem antes do adeus, as boas-vindas chegaram numa canção de crepúsculo. Assim, como o Bolero de Ravel, não há ouvido que não a ouça, nem lembrança que a esqueça.
CRÉDITOS: TEXTO: LÍGIA BEUTTENMÜLLER
MÚSICA : BOLERO DE RAVEL -
A memória insana ama o amor vencido, perdido Deixa maneiro o coração. Pensa em não lembrar Porque precisa esquecer Luta contra o tempo e apela para o não, Que está à palma da mão. Embarca a saudade para bem longe para destruir as lembranças. Apaga os rastros das coisas que findam e descansa a vista nas belas paisagens no entorno da orla marítima. E sem culpas, nem gritos, assim sem alarido Espera que a fonte esborre com noites mais coloridas, no mínimo com sol, para assombrar-se com o brilho que cega. Mas certamente trará a alegria de descobrir um entendimento maior, cada vez que outro dia amanheça. Eu sei que amanhecerá, amanhã será. Música: Amor Maior - Jota Quest TEXTO: LIGIA Beuttenmüller
"Assim, no entanto, você pôde viver esse amor do único jeito que era possível, perdendo antes que ele acontecesse." Marguerite Duras
Não importa quanto tempo durou
para o abraço curto alongar os braços e enfatizar a viagem em torno do nada. Por trás da película inerte, Conseguiu ver-se, como se estivesse frente a um translúcido espelho pôde então, encarar as múltiplas faces que gritavam surdamente a tempos. A incredulidade que teimava com a fé diante do espetáculo circense, desiste. Senta-se, e acomoda-se diante da mesa posta Faminta devora Cada pedaço do não Arfa de barriga cheia Vomita os doces da ceia farta Mistura os cheiros de engenho e maresia recupera o olfato e o fôlego para pressentir a dor e o odor de silêncio e morte. Cruza mares e oceanos e viaja sem asas, aporta enfim, Em si. CRÉDITOS DE IMAGEM E TEXTO
Lígia Beuttenmüller
Diante de ti, ofegante, contemplo teu rosto, como se eu tivesse percorrido desertos para vir ao teu encontro, ou houvesse nesse afã, voado sobre a terra abraçada ao vento. Desvio meu olhar para as tuas mãos agora, tão próximas as minhas busco apertar teus dedos para aprisionar o momento impedindo que o tempo corra,voe. Volto a te contemplar, e placidamente percebo quão perto estão os teus olhos dos meus Nossos cristalinos se confundem nossas iris sorriem, se abraçam e dançam Ah! se o mundo pudesse parar para ver Que eu não sei te amar de outra forma Assim, entre o corpo e a alma, Assim, dessa maneira.
TEXTO: Lígia Beuttenmüller Música : Maria Bethania / TUA (Adriana Calcanhotto)
Quando o dia se inicia
e não é você quem abre a porta do tempo,
o sol fica menos brilhante
as cortinas e janelas não se abrem
para despertar a alegria
A vida então, se enche de dor
Não há dor que doa tanto
como aquela fantasiada do abandono
que brinca de ser Pierrot. Não há dor que doa tanto
Que aquela provocada pelo silêncio
que emoldura a tua ausência.
A minha sombra passeou de madrugada
na rua, na calçada.
Tristonha, calada e surda
estava acometida pelos vestígios de uma noite
sem lembranças.
E pode crer: Eu não quero me acostumar
a começar o dia
abrindo a porta do tempo, sem você.
Ow, coração Como brigas com a razão Quantas preocupações derramas Num tempo desperdiçado Te acalma, coração Que o aprender nao cessa Sempre haverá dor e alegria. Todo dia, a cada dia. Reflete e enfrenta o impasse. Envolve a dúvida e lança para bem longe ata a confiança enlaçando os dedos Sossega e encanta a dor Volta a ser um coração encantador Se isso ainda é possível.
TEXTO: Lígia Beuttenmüller Nana Caymmi - Música - Resposta ao tempo