As Forças Armadas do Brasil, tentam somente agora, apagar o estopim que vem se alimentando há décadas da incompetência dos nossos legisladores, da inoperância da divisão de poder, do descaso público com a população brasileira.
O número de Ministérios aumenta a cada ascensão presidencial, porque na visão deles é importante gratificar com altos cargos os que amealharam os votos para a vitória eleitoral. É mais interessante criar "chefes", que expandir o número de "chefiados", para proteger as fronteiras, fiscalizar aeroportos, cuidar da Amazônia, combater a disseminação das drogas.
A Cracolândia existe em São Paulo desde 1990, são 11 anos de degradação humana, mas filho de rico não vai para lá, pede o crack por telefone, tem entrega domiciliar, e político, inclusive Serra, não sobe morro, a não ser para pedir voto, nem vai a velório de pobre viciado.
Seis dias de ataque no Rio de Janeiro, dão a dimensão do confronto da segurança com criminosos, e pessoas alheias as causas do caos , sofrem diante da tragédia anunciada há anos, hoje, ganham coragem de usar o Disque Denúncia , cobrem o peito com a esperança subsidiada pela fé.
Os governantes são mediadores da ajuda, mas superficial e temporária, como se essa decisão política fosse agora uma atitude politicamente correta. É como estivessem se apartando da "mea culpa" que proporcionou o avanço nada silencioso do tráfico que durante anos a fio, demonstrou seu poderio.
Fernandinho Beira-Mar continua surfando no Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande (MS) comandando o tráfico com a ajuda de parentes, militares, advogados e celulares, segundo notícias da Agência do Estado em 07 de fevereiro de 2009.
Tim Lopes foi herói sem medalha, e sua luta morreu com ele. Para a polícia, prender os acusados era o que importava naquele momento, enquanto a teia dos traficantes ia se agigantando e tomando o espaço do cidadão que fica refém em sua própria aldeia.
Quantas pessoas, vítimas urbanas, noticiadas diuturnamente pela mídia, poderiam ter representado para os governantes um alerta maior da violência descabida que avançava à passos largos em todo país?
Os legisladores teimam em permancer na redoma da imunidade parlamentar, vivem cercados de segurança, e não percebem a necessidade da criação de normas apropriadas e atuais para o combate à violência.
A falta de um código severo corporifica a impunidade. Ser réu primário ou ter o "cateiraço" impede que a justiça seja feita, salvo em alguns casos.
Dirigir embriagado, matar, roubar são crimes afiançavéis, e as "brechas " das leis colaboram para que o cidadão honesto conviva permanentemente com o medo e não acredite no Poder Judiciário.
A insuficiência no quadro de pessoal nesse setor, permite que os processos criem bolor nas prateleiras , e a morosidade nos julgamentos nos faz descrer da legalidade.
A professora abocanha a bochecha da criança que vive mordendo os coleguinhas, e a imprensa se volta apenas para noticiar a atitude dela, sem atentar para o comportamento inadequado da criança.
Os "holofotes da notícia" esquecem de alertar os pais sobre as atitudes dos filhos, que hoje são crianças, mas vão se tornar adultos, mal orientados, porque provavelmente são criados sem noção do mal que os atos violentos provocam na sociedade.
A vida torna-se uma banalidade e a morte uma pré-passagem fatal, como se a gente não tivesse mais nada ainda para fazer aqui.
A violência não respeita sonhos, contradiz a liberdade de esperar a morte e nos arremessa a ela, por uma bala perdida que afinal nos encontre.
CRÉDITOS:
Notícia: Jornal da Globo- Arsenal de Guerra no Rio! Tanques Blindados da Marinha ajudam na operação contra criminosos.
Texto: Lígia Beuttenmüller