Ela adorava ficar na beira do cais, aliás, de qualquer cais: de oceano, rio ou lago, onde houvesse possibilidade de “navegar” , ver navios, barcos, botes , o que flutuasse por sobre águas lhe atraia. Até na lembrança os barquinhos de papel que trafegaram os córregos chuvosos das ruas da sua infancia, lhe davam a certeza de que "navegar é preciso".
Como primeira convidada, admirava o mar, e qualquer palavra que lhe lembrasse dele lhe deixava em profunda calmaria: ouvia rádio, e a atração que ele exercia sobre ela se resumia no fato de que ele vinha por ondas , e sem distinguir as
radiações eletromagnéticas, se eram longas , curtas ou médias, o importante era que as ondas a faziam lembrar dele. Quando ia usar o microondas , para uma lasanha pré pronta ou um lanche qualquer, o que lhe chamava a atenção era que no nome do aparelho tinha a palavra ondas, isso lhe remetia ao mar, e nem se importava com as oscilações eletromagnéticas que faziam com que seu alimento ficasse pronto. Todos os dias entrava em qualquer onda , mesmo aquela que seus amigos tiravam da sua “cara” , para depois converter em “sarro” , em conversas com outros.Essa sua predileção implausível pelo mar era a tônica do dia, pois ninguem sabia a causa e nem havia explicação convincente para essa tendencia injustifcada. Para ela a vontade, de qualquer natureza , se encerrava em si própria.
Assim, acompanhava com os olhos e o coração a chegada ou a partida dos navios, e barcos., os invejava , sobremodo , por estarem com os cascos sendo tocados´pelo mar, e estivesse a saudade a bombordo ou estibordo, estaria em qualquer dessas circunstancias em contato com o mar. Ela os olhava até que eles sumissem no horizonte, levando tudo que estava dentro de si, até a esperança de poder vencer as ondas e ganhar o seu mar interior, que por mais turbulento, complicado e confuso, lhe trazia sempre a bandeira do encanto e da paz.
Para ela o mar era simplesmente o seu porto, mesmo que para os navios, barcos , veleiros , botes, sei lá pra quem, ele fosse apenas um ponto de passagem. Até quando, nunca se soube...
Para ela o mar era simplesmente o seu porto, mesmo que para os navios, barcos , veleiros , botes, sei lá pra quem, ele fosse apenas um ponto de passagem. Até quando, nunca se soube...
TEXTO E IMAGEM
Lígia Beuttenmüller