quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

AGRIDOCE



Estar apaixonado é viver em superfícies planas e abismos, é voar e rastejar, é crer e desconfiar, é buscar espírito e encontrar corpo, é querer juntar grãos de areia para construir castelos e não dispor de terreno.
A paixão tem sabor, tem sim, é uma emoção que traz prazer e dor. O prazer esfumaça, a dor persiste por não encontrar o aconchego dele, do prazer, então faz a gente perder-se sem rumo, sufocar-se no efêmero, pegar carona no que é passageiro.
Ela não consegue permanecer entre o ceu e o inferno. O ceu é muito frio, e o inferno muito quente. Mas que fazer entre temperaturas tão antagônicas?
Ah, se pudéssemos ou soubéssemos transitar nessas plagas, sem morrer de frio ou arder sem se queimar.
A vida que decidimos , foi escolher o insípido, o deserto , entre lagos, rios e mares, embora saibamos que o oásis é só ilusão, mas precisamos dele para permanecer na busca do que nunca perdemos, porque não reconhecemos o que já havia chegado. Não soubemos administrar as torrentes, por não apostar que haveria sempre a possibilidade do tempo de apaziguamento.
A paixão era ácida, e doce ao mesmo tempo, um doce amargo.
Assim, a distância se encarregou de separar definitivamente o mel e o jiló, restando certa amargura em saber, que a receita da mistura da dor e do prazer não funcionou.
Em tempo, erupções vulcânicas e larvas decorrem da acomodação terrestre, portanto, não são permanentes.
Créditos de texto e imagem
Lígia Beuttenmüller

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