domingo, 14 de fevereiro de 2010

TATAJUBA



Depois de despedidas, inúmeras e sucessivas , me vejo refletindo sobre a ausência, essa lacuna tão profunda que perfura sorrateiramente o espírito como um bando de cupim numa Tatajuba , que sendo madeira própria para a construção civil ou naval, depois de corroída não serve para ser casa, nem barco, portanto não abriga ninguém, nem permite a viagem que os sonhos fazem. Assim, a ausência é dura e cruel.
Quantas vezes, por causa dela , a gente quer virar seta reta de placa de trânsito ou flecha de índio, para rumar em frente. Ah! o quanto desejamos que as curvas da vida se estiquem para que não façamos retorno ao passado. Mas, somente eu,

permito que o passado estacione e seja mais valente do que o agora, porque depende de mim conservar a árvore, buscar sua sombra, mas posso preferir me escaldar nas lembranças do era – passado do não ser mais.
Volto-me ao presente e tenho o mar à minha frente , percebo a sua grandiosidade e até aonde minha visão consegue alcançar, diviso o horizonte . Para o navegador dos mares ele se distancia a cada aproximação , porém para quem não consegue vencer as ondas , o mar termina ali.

Nessa contemplação, a vida , me assalta, e me empurra para decidir entre debruçar na janela e viver das recordações ou pular por ela para desbravar matas e mares , céus e terras. Por isso não posso dar tempo à espera enquanto a vida segue.
Vale ressaltar que há muita coisa entre o céu e a terra, o “juízo” e o coração. Permito então, que o ( im) provável me faça uma surpresa.


Créditos de imagem e texto
Lígia Beuttenmüller

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