quarta-feira, 31 de março de 2010

TÃO LONGE, TÃO PERTO


"Clarice,veio de um mistério, partiu para outro.
Ficamos sem saber a essência do mistério.Ou o mistério não era essencial,era Clarice viajando nele. Era Clarice bulindo no fundo mais fundo, onde a palavra parece encontrar sua razão de ser, e retratar o homem".
(Carlos Drummond de Andrade)

Li, na madrugada que amo, o depoimento de Drummond, sobre Clarice Lispector e comecei a lembrar o quanto essa escritora foi minha companhia de cabeceira por longos anos. Cada vez que lia, deparava com uma nova visão, um novo olhar sobre a “Cidade Sitiada”, e voltava a me encontrar quando “A maçã no Escuro” me chamava para ver quanta luz existia lá dentro, e sem me encandear, encadeava compassadamente elos, engrenando-os aos sonhos e realidade.
Minhas viagens entre seus escritos eram rápidas , mas profundas . Quando fechava um dos seus livros, dava pausa para a próxima vez, para o próximo encontro, fazendo uma promessa solene que voltaria logo, pois minha saída não era uma despedida, era um breve compasso, assim como sou em tua vida.

Buscava aprender sobre o amor, quando tentava entender “A paixão segundo GH”e “Para não Esquecer” a “Hora da Estrela” marcava encontro com os astros pela fresta da janela e acreditava que meu retorno era um motivo real para ter festa em teu coração.
Encantava-me, com o manipular das palavras que Clarice tecia seus textos. A intimidade com os personagens que criava nos “Laços de Família” instigavam a minha imaginação, e delirava -loucamente- quando chegava “Perto do Coração Selvagem”.
Esculpi grande parte da minha sensibilidade literária nos seus livros, penso ter moldado meus espelhos existenciais na “Felicidade Clandestina” que não precisa ter endereço postal para existir, basta que o coração errante encontre um sentido para repousar e que o carteiro nunca tenha que preencher o item de destinatário desconhecido, pois eu sei que você sabe onde estou: “Aprendendo a Viver” de “Corpo Inteiro”. Logicamente, em você.

Créditos de Texto : Lígia Beuttenmüller
Créditos de Imagem: Google Imagens

2 comentários:

Mena Maria disse...

"Esculpi grande parte da minha sensibilidade literária nos seus livros, penso ter moldado meus espelhos existenciais na “Felicidade Clandestina” que não precisa ter endereço postal para existir, basta que o coração errante encontre um sentido para repousar e que o carteiro nunca tenha que preencher o item de destinatário desconhecido, pois eu sei que você sabe onde estou “Aprendendo a Viver” de “Corpo Inteiro”. Logicamente, em você."

RESUMO DA PERFEIÇÃO DOS TEXTOS.....dispensa comentários!.......rsrs! bjs...

Anônimo disse...

Lígia;
Acredito que você já tenha sido contemplada com o comentário já feito sobre o seu texto. Porém, a minha insistente LIGIAMANIA,não me deixa ficar no anonimato.A única coisa que confesso a você...é que eu não tive a oportunidade mística de sentir esse viver de corpo inteiro,,,logicamente, em vc.
olga