sábado, 13 de março de 2010

O ARCO - IRIS DE IRIS


Como afastar o que nem consegui aproximar, porque enquanto você passava eu seguia em outra direção, perdi o senso de que a distancia é real e o tempo me impediu de esperar em qualquer lugar de mim, pois não sei se o corpo alimenta o espírito, se o espirito alimenta o corpo, ou os dois se necessitam. Mesmo assim não quero lhe dizer adeus. Partir ou ficar é coisa minha, e não me atrapalha... eu me atrapalho quando entrelaço sem laço, mas tiro do meu caminho o côncavo que não se encaixa no convexo.
A vida pede uma loucura, meu senso pede parcimonia, meu desejo pede corpo, minha alma quer espírito, meu tesão pede lascívia, meu mar quer calmaria .
Eu enlouqueço meus dois neurônios ou eles me enlouquecem? pra onde ir? de onde vir? partir é ruim , ficar também é, onde encontrar a harmonia se a persistência da busca, nunca vem acompanhada daquilo que quero?
Por isso a imperfeição reina em Parságada, não na de Manuel Bandeira, ele era amigo do rei e se contentava com isso. Eu não tenho reino, nem sou amiga do rei, mesmo que em minha cama exista uma mulher que se deite nela. Se isso bastou ao poeta, a mim basta então, que fiques comigo, assim, longe e perto, sem dúvida, sem certeza, e que o apelo de ET não seja o impasse da decisão, nos pedidos :" vem... fica...”.
Mas a gente não se contenta com apenas isso, se quer ser feliz junto, grudada , e abre mão do quase ser feliz, a gente quer completar e quem sabe , bastava apenas complementar.
Felicidade é exercício de ontem, hoje e amanhã, porque ser feliz é apenas uma possibilidade, viver é um risco e o futuro é um ganho a mais, é privilégio de quem subiu uma escada sem degraus e apostou que o cume existia , arriscando, para ir mais além, ou despencar, mas crendo que há algo ou alguém para aparar a queda. O que não se pode, é perder a chance de quebrar a cara ou as nozes e de perceber que o natal pode ser uma época ou uma cidade. Se for época , façamos como as formigas , criemos um celeiro para guardar o que sobrar, para outros natais, se for uma cidade , vamos morar lá, cavalgando num cavalo branco, que o fornecedor para vender ilusões etílicas insiste em chamar de White Horse . Eu não me importo com cores separadas, porque prefiro o arco –iris , de iris, da Iris. E assim, abro os meus olhos para o mundo ou os fecho para guardar o arco e a íris como acalanto e lembrança para a minha alma.


Créditos de Texto e Imagem
Lígia Beuttenmüller

2 comentários:

Anônimo disse...

Lígia
Por que será que o contraditório nos questiona tanto? Por que o encanto da paixão nos deixa leigo e totalmente , desarmados? Tantos porquês,,,tantos ecos perdidos ,tantas noites de espera por um amor que nunca vem.E é essa loucura que faz de nossa existência algo singular ,tão nosso.Percebemos que todos os ditames de um bom-viver não estão em sintonia como o bom-senso..então, nos deparamos com a nossa imagem no espelho a suplicar o presente ou quem sabe, degustar um passado que nunca teremos para recordar.
Olga/RS

Anônimo disse...

Lígia
Por que será que o contraditório nos questiona tanto? Por que o encanto da paixão nos deixa leigo e totalmente , desarmados? Tantos porquês,,,tantos ecos perdidos ,tantas noites de espera por um amor que nunca vem.E é essa loucura que faz de nossa existência algo singular ,tão nosso.Percebemos que todos os ditames de um bom-viver não estão em sintonia como o bom-senso..então, nos deparamos com a nossa imagem no espelho a suplicar o presente ou quem sabe, degustar um passado que nunca teremos para recordar.
Olga/RS